Foi ordenado diácono
em Abril de 1911, quando por Lousado passava um comboio especial levando Afonso
Costa a caminho de Braga para pronunciar um discurso a favor da Lei da
Separação entre a Igreja e o Estado.
Manuel Gonçalves
cerejeira dava o primeiro passo decisivo para uma carreira sacerdotal que
sonhara ter ao “esconder-se um dia, com os humildes párocos do rebanho cristão,
em qualquer aldeia minhota”, depois de entrar no Seminário Conciliar de S.
Pedro e S. Paulo de Braga, aos 18 anos.
Nascido no seio de
uma família famalicense de agricultores e oficina-venda de tamancos, não foram
os magros proventos que impediram a educação de quatro filhas, uma delas
religiosa, e quatro filhos. Manuel era o mais velho da prole e seguiu a
carreira eclesiástica enquanto os outros foram pelos caminhos da medicina,
advocacia e funcionalismo.
Terminada a instrução
primária, aos 11 anos, em 1899, matricula-se no Seminário da Senhora da
Oliveira em Guimarães, onde conclui os estudos com excelentes notas e é na
cidade-berço que descobre a sua vocação sacerdotal.
Em 1903 é convidado
pelo Arcebispo de Braga a fazer o discursos do cinquentenário do dogma da
Imaculada Conceição.
Em 1908 é convidado
para fazer a saudação ao arcebispo de Westminster, de passagem por Braga, a
caminho de Santiago de Compostela, sendo descrito pelos seus professores como
“afável, humilde e piedoso”.
É então que é
convidado a escrever no jornal coimbrão “A Palavra”e a fazer a oração fúnebre
pelo fim trágico do rei D. Carlos.
Na sua juventude,
Manuel Cerejeira vive a revolução da República coma expulsão dos jesuítas, a
extinção dos conventos, mosteiros e hospícios religiosos, seguindo-se a secularização dos cemitérios, o
juramento religioso e extinção do ensino religioso nas escolas bem como dos
feriados religiosos.
Cerejeira conclui o
curso na Faculdade de Letras e muda-se depois para Direito, integrando o CADC
(Centro Académico de Democracia Cristã), criando em 1901 para estimular os
católicos a entrar no jogo político, no seio do regime liberal, de forma
suprapartidária, para defender os interesses da Igreja.
Depois de um assalto
ao centro, Cerejeira participa na criação da Federação das Juventudes Católicas
Portuguesas que conduz à reactivação do CADC, em Maio de 1912, onde Oliveira
Salazar e Manuel Cerejeira eram dirigentes de topo. Manuel cerejeira era também
director de “Imparcial” e o primeiro número do jornal conta com a colaboração
de Oliveira Salazar, sob pseudónimo, para “atear energias poderosas por esse
país, levar-lhe a esperança e a fé” para além de “conservar a mocidade acima
das facções partidárias”.
Isto faz com que o
jornal do CADC seja atacado tanto por republicanos como por monárquicos,
forçando o seu encerramento em Outubro para reabrir em 8 de Dezembro com o
primeiro discurso público de Oliveira Salazar.
O CADC afirmava-se
como a escola superior dos estudantes católicos sem pretensões de ser um “Centro
político”.
Era uma altura em que
Cerejeira admirava a capacidade intelectual e o rigor de Salazar.
No ano 1914,
Cerejeira convida o amigo Salazar para ir morar com ele na casa dos Grilos e
Salazar aceitou, começando a partilhar a intimidade e os amigos.
Salazar apoiava
financeiramente Cerejeira e ajudava-o a missa, enquanto este visitava nas suas
férias em santa Comba e o aconselhava especialmente nos amores.
Segundo Cerejeira, o
seu amigo tinha pensado casar com uma jovem milionária de Lisboa e Cerejeira
lembrou-lhe que Salazar não “lhe poderia dar uma vida ao nível do que estava
habituada” e sabia que o amigo era orgulhoso ao ponto de “não aceitar viver às
custas do dinheiro de mulher e da sua família”.
Com um amor muito
forte à mãe, o cardeal Manuel Cerejeira, após deixar o jornal Imparcial,
dedica-se ao arquivo da Universidade até à I Guerra Mundial, e que o Imparcial
e o CADC apoiaram a participação de Portugal.
A assistência religiosa aos
soldados na frente de guerra foi uma das bandeiras dos católicos, em 1917.
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