Saturday, May 12, 2007

Silva Araujo: a poesia como refugio




O poeta diz que são versos que “fui escrevendo ao longo da vida. Uns com mais jeito, outros com menos” mas eu não posso concordar com a segunda parte da frase, porque este livro é a prova de que ele possa assinar poemas “com menos” jeito.

Acresce que a poesia de sabor religioso, em que o vimaranense Silva Araújo é um mestre, é um género muito raro na Língua Portuguesa, se exceptuarmos dois grandes cultores, Antero de Quental e Moreira das Neves.

São desabafos para o papel “como quem reza, como quem manifesta o seu desencantou a sua revolta” que ecoaram em “Poemas da hora que passa”, no ano de 1961, que se consolidarem no “Cântico dos meus limites”, passados dois anos, e se alicerçaram em “Raízes”, há doze anos.

Como todos os que escrevem, não custa darmo-nos conta de que há textos — em verso e prosa — que Domingos da Silva Araújo escreveu e “hoje não o teria feito”, apenas pela “linguagem” utilizada que em “Refúgio” não tem abrigo.

O primeiro volume destes poemas é dedicado a Nossa Senhora, uma presença forte na escrita poética de Domingos da Silva Araújo, como eco divino do humano amor maternal, a quem o autor de abre do “avesso e mostra que aos outros não pareço”.

Este volume de poemas marianos recolhe trabalhos feitos desde há 55 anos, quando o poeta andava pelos Seminários, com os seus 16 anos, como se percebe pelas referências a um estilo de “vida que pertence ao domínio da saudade”— como escreve o autor no prefácio.

A simplicidade constitui a pedra de toque de todos os poemas que o leitor pode encontrar em “Refúgio”, o que, para quem o conhece e com ele trabalhou e viveu, não constitui surpresa mas alegre fidelidade a uma forma de estar na vida, desgraçadamente em extinção.

Não fosse o autor um jornalista, ao longo de décadas, e percebe-se que a simplicidade das palavras é a forma mais eficaz de comunicação, que quer dizer partilha de ideias, de conceitos, de sentimentos, de valores, de ideiais e de afectos.
A simplicidade das palavras é meio caminho andado para que o leitor absorva, sem sobrecarga de trabalho, o essencial, ou seja, evitar “buscar a luz por caminhos humanos”.

Ao ler os poemas de “Refúgio”, as pessoas não se deparam com “enganos” nem mergulham nos “mares fundos de desilusão” onde se descobrem “abrolhos e fantasmas horrendos e cegueira”.

O leitor de “Refúgio” encontra a paz no regaço mariano, mesmo que seja uma Senhora das Dores “noiva da minha tristeza”, “quando a noite chega mansamente”, que se transforma em “Senhora da Solidariedade” para lhe rezarmos pelos “sem-trabalho, o amor traído/Os que na vida vegetam, sem ter norte./Ajuda-os a ver que a vida tem sentido”.

“Refúgio” acolhe poemas e orações à Senhora da Misericórdia, do Sim, do Socorro, da Luz, da Soledade, do Sameiro, das Sete Espadas, que “lá se vai,terras fora/Em celeste sementeira/Feita do mundo romeira,/A Virgem Nossa Senhora”.

As 115 páginas deste livro encerram com um índice das obras de Domingos da Silva Araújo, grande parte delas dedicadas a temática do jornalismo, factos e figuras da vida da diocese de Braga e a beata Alexandrina de Balazar.

Os leitores e admiradores esperam agora que lhes cheguem às mãos “Álbuns”, “Da Guerra eda Paz”, “Em hora de solidão” e “Fazer da vida uma festa”.

Expliquem-nos como se fôssemos… maravilhosos





Tudo começou com uma lista de 793 monumentos nacionais, classificados como tal pelo IPPAR.

Depois foram convidados sete peritos, tendo em atenção o reconhecimento nacional pelo trabalho que efectuam nas suas áreas de trabalho e estudo académico para escolherem os 77 monumentos nomeados.

Depois, um Conselho de Notáveis, composto por representantes de vários quadrantes sociais: arquitectos, historiadores, políticos, actores, sociólogos, engenheiros, empresários, gestores, artistas, jornalistas, economistas, cientistas, escritores, arqueólogos, professores, psicólogos, entre outros, escolheram os 21 monumentos finalistas. 


Essa escolha foi feita de acordo com critérios estabelecidos pelo painel de peritos, instituições e organismos que tutelam o património.


Então, estes peritos escolheram os Castelos de Almourol, Guimarães, Marvão e Óbidos; os Convento de Cristo Tomar e Basílica de Mafra; Fortalezas de Sagres e de Monsaraz; Igrejas de São Francisco Porto e Torre dos Clérigos; Mosteiros da Batalha, Alcobaça e Jerónimos; Paço Ducal de Vila Viçosa; Universidade de Coimbra; Palácios de Mateus, Nacional da Pena e de Queluz; Ruínas de Conímbriga: Templo Romano de Évora e Torre de Belém.

Rezam os regulamentos que a avaliação dos monumentos foi feita sobre os seguintes critérios:
Arquitectónico;
Técnicas de construção/Engenharia;
Singularidade de materiais usados;
- Valor Cultural e Histórico;
Simbolismo; imagem de uma época ou estilo e
interesse Turístico.

Olhando para o Bom Jesus de Braga, este hino à arquitectura relligiosa e paisagística, à escultura em granito, às técnicas de construção, à engenharia do elevador a água único no mundo em funcionamento não tem qualquer valor histórico e cultural, nem simbolismo nem interesse turístico.

Expliquem-me – ou mostrem-nos — que outros critérios afastaram o Bom Jesus de Braga da lista dos 21.

Expliquem-me como se eu fosse muito burro — porque os leitores já perceberam porque são maravilhosos — como é que o Bom Jesus de Braga não entrou sequer na lista dos 77 elaborada a partir dos 723 monumentos indicados pelo IPPAR.

Se isto não incomoda os bracarenses — e parece que não —, então peço desculpa pelo precioso tempo que lhes roubei a falar da Sé de Braga, perdão, do Bom Jesus.

A Sé de Braga, comparada com meia dúzia de paredes que fazem um castelo, não é tema de discussão.

Coro Gregoriano de Braga grava um novo CD mariano




O mosteiro de Arnoso, em Famalicão, está a ser o ‘estúdio’ de gravação do segundo CD do Coro Gregoriano de Braga, fundado em finais de Janeiro de 2000 e que está hoje em festa. O CD deve estar disponível no Verão – revelou ao Correio do Minho, o maestro Hélder Fernando Geraldo Apóstolo.

Este jovem coimbrão, chegado a Braga em 1998, é o responsável por este enriquecimento musical da Roma Portuguesa, a partir da Catedral de Santa Maria, após várias tentativas e reptos lançados pelo Cabido da Sé que ficaram sem resposta.
“Se queres avançar, terás todo o nosso apoio” – garantiu-lhe, então, o Deão do Cabido, Eduardo Melo Peixoto. Com este estímulo, Hélder Fernando Antunes Geraldo Apóstolo reuniu boas vontades de um grupo de pessoas constituído por ex-seminaristas e ex-padres dispersos por vários coros e a resposta foi: “vamos a isso”.

MAIS
UMA BANDA
DE GARAGEM?

Os primeiros tempos não foram fáceis porque a cultura musical “andava pelas ruas da amargura” em Braga, ao ponto de gente muito responsável – a quem foi solicitado apoio – ter respondido: “nós não podemos apoiar qualquer banda de garagem que nos aparece...”

“Foi como quem me matou” – lembra Hélder Apóstolo, quando recorda este episódio.
Apesar deste desaire – só explicável por ignorância inqualificável – as boas vontades não desistiram e no dia 27 de Janeiro de 2000 nascia o Coro Gregoriano de Braga, associando-se desta forma ao Jubileu e Ano Santo.

Era a resposta à lacuna existente em Braga com a preocupação de trazer à Bracara Augusta, considerada no século XX a rainha da música em Portugal, uma prática musical que esteve durante anos enraizada na tradição religiosa e litúrgica bracarense.

“Fizemos alguns contactos para conseguir livros de canto gregoriano e fomos arranjando alguns “Liber usualis”, nas mãos de antigos seminaristas. Fomos bater à porta do Seminário do Espírito Santo e também nos arranjaram uma quantidade razoável. Demos início aos ensaios e apresentamo-nos pela primeira vez em público no primeiro Domingo da Quaresma desse ano”.

A princípio, o Coro Gregoriano não foi bem recebido: “pensavam que éramos revivalistas, ‘lefebvrianos’, conservadores que queriam ressuscitar os mortos e vaticinaram que não chegaríamos a lado nenhum. Alguns não nos davam mais de seis meses mas hoje mantém-se com regularidade de concertos e animação das celebrações litúrgicas na Sé e fora dela”.

Dois anos depois, o Coro Gregoriano era reconhecido pelo Arcebispo primaz como Associação Pública de Fiéis, aprovando os estatutos e conferindo-lhe personalidade jurídica, faz hoje cinco anos.
No seu percurso, o Coro conta já com uma vasto repertório musical, quer Gregoriano quer polifónico que incide particularmente na música renascentista portuguesa e estrangeira sem esquecer os autores portugueses contemporâneos, das escolas de Braga, Coimbra e Évora.

Em Parceria com o Coro da Sé Primacial de Braga procura trazer ao conhecimento público o acervo musical da mesma Sé, algum dele inédito, potenciando o conhecimento e a prática do gregoriano e da polifonia associados ao Rito Bracarense.
Conta com um grande número de actuações em Braga e um pouco por todo o Minho e outros locais do país e de Espanha, quer em concerto quer em celebrações litúrgicas que tem solenizado.

No ano 2003 editou o seu primeiro CD, “Passio Domini”, com melodias do Ofício de Quinta, Sexta-feira e Sábado santo, quer em Gregoriano, quer em Polifonia.

CORO DA SÉ:
UM IRMÃO
GÉMEO

No seguimento das primeiras actividades do Coro Gregoriano, o Deão do Cabido, Eduardo Melo Peixoto, sensibilizou Hélder Apóstolo para a criação de um coro para as celebrações principais da Sé de Braga. “Isso exigia outro fôlego” – argumentou então o maestro e fundador do Coro Gregoriano.

O Deão contra-argumentou com as realidades das Sés de Lisboa e Porto com os “coros que teme nós não temos nada”. “Existe o coro da Sé” – respondeu Hélder Apóstolo mas o Cónego Eduardo Melo contra-argumentou: “é um coro da paróquia e não da Catedral”.

Em 10 de Junho de 2000, recorda Hélder Apóstolo, “juntamos pela primeira vez os ‘gregorianos’ com um grupo de senhoras que o Cónego Melo convidou para delinearmos o início do Coro da Catedral”. A estreia aconteceu no dia 8 de Dezembro desse ano. É um coro misto composto por 45 elementos, das mais variadas idades e formações.

A ele se deve a revitalização da boa tradição musical na Sé de Braga, de modo a que a Igreja mãe seja referência para toda a diocese.

O seu reportório incide na música sacra e clássica, polifonia renascentista portuguesa bem como na divulgação de alguns dos mestres da Sé bracarense, Coimbra e Évora: Duarte Lobo, D. Pedro de Cristo, Diogo Dias Melgaz e Pêro da Gambôa.
O Coro Gregoriano foi fazendo o seu caminho próprio e angariando algumas receitas para custearmos a gravação do CD e levado a sua música a muitas celebrações e concertos, a convite de instituições como Câmara Municipal do Porto, Universidade do Minho, indo a cidades como Porto, Viana do Castelo, Póvoa de Varzim, Esposende, Coimbra e também até Espanha.

Quando se unem, os dois Coros têm 55 vozes, sendo 16 oriundas do Coro Gregoriano.

O Coro da Sé está ao serviço da Liturgia da Catedral: “era uma pena não ter um coro digno da Catedral. Antes, as grandes celebrações estavam associadas ao ‘Schola Cantorum’ do Seminário. Agora, há uma série de celebrações que não estão, como Páscoa, Pentecostes, Imaculada Conceição, Dedicação da catedral, Natal, Ano Novo, Todos os Santos, etc.”

“Pretendo que o Coro da Sé apresente e divulgue boa música litúrgica e fomente a participação da Assembleia” com um repertório variado que inclui Palestrina, Tomás Luís Vitória, Gabrielli, Mozart, Bach, Haendel, os nossos músicos Manuel Faria, Joaquim Santos, Manuel Alaio, etc.

Além disso, participa em encontros de coros locais e distritais, bem como fora do país. “Estamos a preparar uma ida a Salamanca, e tivemos um convite que muito nos honrou no aniversário da Banda da Força Áerea Portugeusa” – acrescenta o maestro.

Para este Coro há um “projecto, em fase de ideia, para gravar a Missa de Nossa Senhora do Sameiro, na versão para coro e orquestra (Joaquim Santos)”, depois de ter participado na sua primeira execução integral, em 2005. O Coro já cantou com a Orquestra da Gulbenkian e com a Orquestra Nacional do Porto e também é uma Associação com personalidade jurídica canónica desde Agosto de 2004.

ÚNICAS NOTAS
SÃO DE MÚSICA

Mas nem tudo é perfeito numa obra humana, por mais dedicação e paixão que os seus elementos lhe dediquem. Se fosse perfeito, era inacreditável. Hélder Apóstolo reconhece que o Coro Gregoriano enfrenta dois problemas: “precisamos de gente nova e com disponibilidade de tempo para ensaios e concertos”. Os ensaios são às terças-feiras na Igreja de S. Lázaro e estes problemas fazem com que o Coro tenha de declinar muitos convites que lhe são feitos, até porque as “únicas notas para os nossos cantores são de música. Só muito amor à música explica a participação e perseverança de todos os elementos do Coro”.

Quanto a projectos, o Coro está a gravar um novo CD – nos Mosteiro de Arnoso – mas as condições envolventes não são as melhores. “Quando os cães das redondezas desatam a latir lá se vai o trabalho por água abaixo” – explica Hélder Apóstolo.
“Trata-se de um CD todo mariano, com peças em gregoriano e em polifonia, algumas delas inéditas minhas em que faço uma articulação entre o canto gregoriano e a polifonia”-revela o maestro que espera “acabar a gravação antes do Verão”.
Recorde-se que o primeiro CD – Passio Domini – foi gravado nos claustros da Sé em duas noites apenas, O novo CD terá quase trinta temas, apresentados de forma sistemática e intercalando gregoriano com polifonia.

Neste CD existe também uma “preocupação pedagógica. Ninguém ama o que não conhece e as pessoas têm de aprender a gostar da música” – explica Hélder Apóstolo, sublinhando que esta é a finalidade dos Coro Gregoriano e da Sé Primacial: “ a educação musical da sociedade bracarense”.

Espírito Santo responsável por 90 por cento

“Se olharmos para isto tudo e pensarmos que é feito por voluntários nos tempos livres, com um ensaio por semana, 90 por cento do trabalho só pode ser obra do Espírito Santo” – comenta Hélder Apóstolo quando perguntámos: como é possível ter um repertório tão grande e tão qualificado com apenas um ensaio por semana?


UM mestre polifacetado

Hélder Fernando Antunes Geraldo Apóstolo iniciou-se nos estudos da arte dos sons pela mão dos seus familiares, “ao colo da minha avó, que falava francês e tocava piano”.

Estes estudos foram aperfeiçoados nos seminários de Aveiro e no Conservatório daquela cidade do Vouga, onde foi aluno do doutor Arménio da Costa Júnior, vindo depois a obter a Licenciatura em Canto Gregoriano e Direcção Musical. Foi aluno decanto dos prof. Maria do Rosário Brandão e Manuel António Serrico. Dedicou-se depois à revitalização de diversos coros em Coimbra e em Braga, onde chegou em 1998, enquanto apresenta e compõe algumas das suas peças para vozes mistas ou para vozes iguais, à Capella e para Coro e órgão e instrumentos de corda e sopro.

Admirador incondicional de Manuel Faria e Joaquim Santos, Hélder Apóstolo é o Mestre capela da Catedral de Braga desde 2000 e presidente da Comissão Instaladora do Instituto Gregoriano de Braga, projecto em parceria com a Universidade do Minho, a Arquidiocese de Braga, o Coro Gregoriano, Cabido e outras entidades.

É ainda licenciado em Teologia pela Universidade Católica Portuguesa, Mestre em Filosofia pela Universidade do Minho, onde faz agora o doutoramento, ao mesmo tempo que conclui a licenciatura em Direito Civil.

Oficinas de S. José:
a banda pode esperar

Fomos encontrar o maestro Hélder Apóstolo nas Oficinas de S. José, instituição tutelada pela Diocese de Braga, onde é educador de adolescentes e jovens.

Seria imperdoável não confrontar este apaixonado pela arte dos sons com a possibilidade de ressuscitar a banda filarmónica das Oficinas de S. José que, outrora, foi um alfobre de músicos e instrumentistas para muitas filarmónicas do Minho.
“Não é assunto que não tenha sido falado nas reuniões de Direcção, mas agora não existem condições para recriar essa Banda” – começa por dizer Hélder Apóstolo.

As Oficinas de S. José foram criadas em 1889 e dois anos depois, numa reunião de direcção, foi criada uma Banda de Música por proposta de alguns alunos internos, conforme se pode ler num documento da instituição.

A criação da banda destinava-se a instruir os jovens na arte musical e a solenizar as celebrações e tudo começou com a aquisição de alguns instrumentos e o resto veio a comprar-se depois.

A actual direcção, presidida pelo Cónego Fernando Monteiro, “já colocou a questão, concluiu-se que era muito dispendioso. Os instrumentos estão muito debilitados e o seu restauro era mais caro que a compra de novos. Mas a grande questão nem é financeira. Os interesses dos alunos hoje são outros e diversos e naquele tempo era possível manter uma Banda a funcionar e assumir compromissos porque os alunos eram internos. O funcionamento das oficinas era diferente do actual. Havia menor mobilidade dos alunos. Agora passam cá pouco tempo, e ainda bem. Depois têm aulas no exterior, com toda a carga lectiva que não deixa tempo para ensaios. Quando chegam a casa têm de estudar e há pouco tempo para aprender música, aprender a tocar um instrumento”.

Depois, acrescenta Hélder Apóstolo, no começo e meados do século passado, “pertencer à Banda era a única forma que os jovens tinham de passear e sair do internato. Hoje, isso não é uma mais valia para eles e existem outros interesses como cavaquinho, piano, viola, flauta, cantares, teatro. Manter um grupo destes é diferente de manter uma banda de música. Formar uma filarmónica demora muito e a instabilidade provocada pela mobilidade torna difícil recuperar o projecto”.

Neste momento, as Oficinas de S. José acolhem 42 jovens e das oficinas que existiam – como sapataria e alfaiataria – apenas se mantém a de artes gráficas, de onde vem suporte financeiro para a instituição.


Quem é quem
no Coro Gregoriano

ASSEMBLEIA GERAL
Presidente: Luís Gonzaga Macedo.
Vice-presidente: António José Lopes Mendes.
Secretário: Justiniano Gonçalves Mota.

DIRECÇÃO

Presidente: Manuel da Rocha Carvalho.
Vice-presidente: Manuel Cardoso da Mota.
Secretário: Fernando José Lopes.
Tesoureiro: Luís Joaquim Abreu Fernandes.
Vogal: Avelino Garrido da Silva.

CONSELHO FISCAL

Presidente: Manuel Matias Gonçalves Pereira.
Vogais: José Marques da Mota e Eurico Carvalho Pereira.


Quem é quem
no Coro da Sé

ASSEMBLEIA GERAL

Presidente: Manuel da Rocha Carvalho.
Vice-presidente: M. Glória S. Teixeira
Secretário: Justiniano Gonçalves Mota.

DIRECÇÃO

Presidente: Hélder Apóstolo.
Vice-Presidente: Ana Maria Martins Araújo.
Secretário: Manuel Cardoso da Mota.
Tesoureiro: Luís Joaquim Abreu Fernandes.
Vogal: Liliana Conceição da Costa Rodrigues.

CONSELHO FISCAL

Presidente: Albano A. Silva
Vogais: Olga Oliveira e Aurora Alves Macedo

Braga: os rebuçados do Senhor



Se não fosse ela e uma amiga – a Maria do Céu – ambas da Sé, a tradição dos “rebuçados do Senhor” tinha desaparecido há quatro anos. Esta presença à porta das Igrejas da cidade de Braga, onde decorre o Lausperene Quaresmal, sendo identificativa para quem passa constitui uma tradição de décadas mas é um trabalho que “já não dá para o tacho”...

Há quatro anos, as velhinhas que aguentavam este costume bracarense deixaram de o fazer. No entanto, Maria João Sá Pereira, moradora na rua Dom Gualdim Pais, impediu que os “rebuçados do Senhor” deixassem de ser a presença emblemática à porta da Igreja onde se realiza o Lausperene.

Fomos encontrá-la sozinha à porta da Igreja de S. Vicente. Esta reformada da Segurança Social, mais outra senhora da Sé, a Maria do Céu Campos Ribeiro, assumiram essa responsabilidade.

“Comecei a vender porque achei que as velhinhas já não podiam. Elas deixaram de vir e nós viemos em lugar delas” – explica-nos Maria João.

“Andamos só as duas. É uma tradição bonita. Não queremos que ela acabe mas não dá grande coisa” – garante Maria João, enquanto atende mais duas clientes que acabam de sair da Igreja.

“Está a ver, vinte rebuçadinhos por um euro. O preço é quinze rebuçados por um euro mas, às vezes, quando vendemos menos, vamos dando mais alguns por conta” – explica.

Quanto à receita dos rebuçados do Senhor, Maria João diz que os “rebuçados são fáceis de fazer. Só têm um segredo que se bota para ficarem mais gostosinhos. Foi uma senhora que já morreu – a Maria da Conceição Queixeira, da Sé – que me ensinou”.

Então, como é que se fazem os rebuçados? – perguntamos.

“É fácil. Deita-se água e açúcar amarelo, com o segredo logo, e deixa-se ao lume normal pelo menos uma hora. Depois botamos tudo numa pedra e depois é partido aos bocadinhos com as mãos” – explica Maria do João, enquanto embrulha mais alguns rebuçados em papel de várias cores.

Maria João e Maria do Céu apenas não aparecem quando chove. Juntamente com os “rebuçados do Senhor” vendem outras guloseimas, como chicletes, rebuçados, etc.

Garantem que os rebuçados são feitos todos os dias para serem fresquinhos, mas apenas durante a Quaresma. Depois não vale a pena. “Tem que se pedir licença à Câmara Municipal e o que a gente tem de pagar não compensa o trabalho que temos. Por exemplo, para as procissões, a gente tem de pedir licença para três dias” – explica.

“Hoje não deu para o tacho” – conclui a Maria João, do alto dos seus 60 aos, mãe de três filhos, criados na Sé. Começou a trabalhar numa fábrica de malas e depois acabou a sua vida activa ao serviço da segurança Social.

EMEC: o braço cultural de Barcelos


No princípio era a Escola Profissional de Tecnologia e Gestão (ETG), criada em 1990. Daí derivou a Empresa Municipal de Educação e Cultura (EMEC) de Barcelos que constitui hoje a principal alavanca cultural e educativa do concelho, sob a presidência de Carlos Alberto Cardoso.

Os eventos culturais que marcam o calendário da “Princesa do Cávado” — como a Festa das Cruzes, a Feira do Livro, a Feira do artesanato e Gastronomia e passagem de ano — os equipamentos (Galeria de arte, pólos de leitura, Museu Etnográfico de Chavão, Centro de Artesanato) são promovidos e geridos pela EMEC, constituída em 1999.

Como estrutura base, a EMEC recebeu a Escola de Tecnologia e Gestão e esta é que dá sustentabilidade a tudo o resto, como é o caso dos recursos humanos recebidos da ETG, também criada pela Câmara Municipal de Barcelos, em Abade de Neiva.

Artesanato: FEIRA ÚNICA

A Feira do Artesanato “é única pelo espaço onde se realiza, com a parte gastronómica e vinho verde” e, segundo Carlos Alberto Cardoso é um certame “que pensa em primeiro lugar nos artesãos do concelho” procurando ser “um estímulo à produção”, com muitos artesão novos por causa da crise dos têxteis.

A feita tem trazido algumas novidades, ao nível do design, na perspectiva do artesão, mas tarda a certificação regional que “é fundamental. O processo está concluído e agora é uma questão de tomar partido disso”.

Outra das difilcudades traduz-se na fragilidade do associativismo: “é uma luta de muitos anos, porque partilhar com os outros ainda é muito complicado”, mas vão-se fazendo coisas interessantes como foi o caso do “desfile de moda, em 2006, em que os artesãos mostraram que uns e outros unidos (têxtil e artesanato) podem ter muita força”.

Por outro lado, na Feira de Barcelos, “os que vêm de fora querem mostrar o que valem”, além de ser uma oportunidade para partilhar a etnografia, novas ideias e novas peças, com uma mobilidade de públicos que não é prejudicada por outras feiras.

APOIO A SEIS MIL ALUNOS

A Componente educativa da EMEC traduz-se no apoio que é prestado a seis mil alunos do ensino básico em vertentes que vão desde o inglês, artes plásticas, expressão dramática e ciências eperimentais (ciência divertida).

A parte da educação física está confiada à empresa municipal de desporto, a que preside o vilaverdense Alberto Cerqueira.
Além disso, a EMEC presta apoio psico-pedagógico, disponibilizando um psicólogo para cada agrupamento, o que permite um acompnhamento das crianças na prevenção do abandono escolar e o combate ao insucesso escolar.

A taxa de abandono escolar no quinto e nono ano é das mais elevadas do país e constitui uma prioridade da EMEC. O problema “obriga-nos a procurar soluções mas o trabalho que estamos a fazer com estes 17 psicólogos só terá efeitos daqui a sete oou ooito anos.
“O futuro vai ser diferente mas temos de encontrar soluções” – adeverteCarlos Alberto Cardoso apontando a educação e formação de famílias e núcleos de apoio às crianças e adolescentes.

“Temos de procurar sooluções porque é assustador o número de crianças que abandonam a escola” — admite o presidente do Conselho de Administração da EMEC.

“O trabalho que fazemos só pode ser avaliado correctamente pelos pais” – prossegue o nosso interlocutor que dispõe de um orçamento de quatro milhões de euros para estas tarefas.

Festas das Cruzes reaviva
Tradições que se vão perdendo

A principal aposta das Festas das Cruzes deste ano consiste em “recuperar a tradição e buscar algo que já não se faz há alguns anos e agora decidimos apostar na reconstrução da batalha das flores”.

Trata-se de um desfile que inclui uma mostra da etnografia do concelho e a batalha das flores, em que as associações constroem carros alegóricos que mostram os cantares e as tradições.

O ritual de atirar pétalas às pessoas com danças e cantares é assim recuperado na edição deste ano das Festas das Cruzes. “A máquina não está totalmente montada mas temos já a adesão de onze associações culturais e recreativas e no próximo ano esperamos ter mais” – revela Carlos Alberto Cardoso.

Outra das novidades do programa consiste na criação do palco Cidade de Barcelos para três bandas originárias do cooncelho, a começar a sua carreira, para mostrarem o que fazem.

Por sua vez, o Instituto Politécnico do Cávado e Ave faz coincidir o desfile académico com o encontro de tunas o que permite mostrar a actividade do ensino superior e o “papel importante que o IPCA desenvolve com a partilha de toda a sua dinâmica académica”.

As festas não esquecem a parte etnográfica com grupos de folclore, gigantones, Zés P’reiras, catorze ranchos folclóricos envolvidos que “embelezam todo o centro histórico” com as suas danças, trajes e cantares.
Este ano, as comemorações do 25 de Abril são integradas também no programa ads festas que abriram há dias, com o início da actividade da feira popular, com a sua praça de alimentação e diversões, gerando uma animação que traz mais gente a Barcelos.

À medida que se aproxima o primeiro dia das festas vão chegando de todas as freguesias os arcos de romaria, uma tradição recuperada há alguuns anos e está a ter uma adesão crescente das freguesias, desde há quatro anos.
Este ano são 53 arcos que são apreciados pelo júri, cabendo ao mais bonito um prémio de 2500 euros. Os arcos embelezam o centro de Barcelos e podem ser apreciados até ao fim do mês de Agosto.

O que está na origem de toda esta movimentação festiva é o Senhor da Crruz, a quem é dedicado o dia 2 de maio, com destaque para a exposição das Cruzes, uma das mais bonitas do país, “um acontecimento único no mundo.
É um impressuonante momento de sil|êncio e de reflexão” enriquecido com os tapetes de pétalas no acesso e interior da Capela, construídos por pessoas ligadas à irmandade.

O senhor José Gomes é a alma destes tapetes que todos os anos se constroem com toda a dedicação e carinho. Este ano, vão ser feitas réplicas dos tapetes desenhados em 1936, numa homenagem aos grandes desenhadores de tapetes de flores que foram José Brito (altar do Senhor da Cruz) e José Cardoso Silva (altar da Senhora das Angústias).

Festa das Cruzes sem fogo de artifício no rio é inimaginável. Este ano, essa atracção está entregue a uma empresa multi-premiada no estrangeiro. O fogo aquático nas margens do rrio é da responsabilidade dos ‘Macedos’, da Lixa, empresa consagrada no Canadá, Mónaco e República Checa, cm o espectáculo “Rock in fire”.

Os 225 anos da fundação da Banda de Oliveira constituem outro momento alto das festas deste ano, através de um encontro de bandas no dia 28 de Abril à tarde para mostrar o quanto são queridas do povo as filarmónicas.

Fernando Jorge: 'De divina proportione' no ISAVE




O famoso desenho do Homem – “De divine proportione” – atribuído a Leonardo Da Vinci constitui a ideia a partir da qual o arquitecto Fernando Jorge desenvolveu a concepção e construção do Campus que hoje recebe, pela primeira vez, as comemorações do aniversário do Instituto Superior de Saúde do Alto Ave (ISAVE).
“No dia em que chegamos a este enorme relvado, apeteceu deitarmo-nos de costas, olhar o céu, abrir os braços e as pernas e ficar a contemplar esta maravilha da natureza”. Foi a partir desta ideia que fomos concebendo e desenvolvendo todo o projecto: a cabeça é o auditório, o estômago é a cantina e bar, as pernas são os laboratórios e salas de aulas e os braços são os serviços de apoio” – explica o autor do projecto, que foi acompanhado neste sonho pelo arquitecto Rui Bianchi e pelo eng. Afonso Osório, além de outras parcerias nas especialidades.
“Articulamos as funções de acordo com o corpo humano e o programa desenvolveu o resto da ideia, em que a coluna dorsal é o grande corredor que liga todos os elementos” – prossegue Fernando Jorge que inclui esta obra na chamada “arquitectura híbrida” ou seja, aquela que “transporta para o ambiente as formas, neste caso, o Homem”.
Depois, prossegue, este ambiente “também sugeria paz, recolhimento, num sítio nobre, de modo que o edifício encaixa-se muito bem porque respeita o meio ambiente”.
A integração, explica, “não tem a ver com a cércea ou volume, mas também com outros elementos” e. Na lógica da integração, o edifício está perfeitamente enquadrado, embora seja um volume demasiado agressivo para o sítio”.
Fernando Jorge acredita que embora seja “uma peça extensa ela se espraia pelo terreno, como o homem deitado” de “De divina Proportione” porque respeita os sítios e a atitude é pensada para este local”.
No desenvolvimento desta ideia “tentamos não danificar qualquer peça da envolvente, desde árvores a edifícios existentes. Não se tocou nos edifícios existentes, mesmo o campo verde. Isto era um talude, pouco aproveitado. O ênfase da verdura continua e tem maior ênfase que o campo que não era sequer cultivado”.
Passando em revista as fases desta obra gigantesca, erguida em apenas nove meses, o arquitecto Fernando Jorge sustenta que “o mais interessante de tudo é que temos um edifício que vem dar muita vida a Geraz e, por isso, agora, o meu receio reside no que se fizer á volta e que possa não ser devidamente pensado, mas essa é agora uma competência da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso”.
Quanto à clínica geriátrica, “é desenvolvida em função dos edifícios que existem ara descaracterizar o ambiente”.
Quanto aos materiais, Fernando Jorge refere que, para além da estrutura em betão, com lajes cortantes, foram escolhidos num contexto de modernidade, como pladur, cappotto, alumínios e vidros, sempre capazes de resolver questões construtivas mas adaptadas às funções de escola, que possibilitem melhor limpeza e adaptação. “Só assim se conseguiu fazer em nove meses, porque as obras arrancaram em Agosto. Dois meses e meio depois colocamos os alunos nas salas de aula e pode-se dizer que foi um milagre de coordenação e metodologia da obra, com timings sempre ponderados, de modo a permitir a evolução sectorizada da obra. Foi uma verdadeira apologia às componentes do homem – ideia inicial – com autonomia construtiva”, tendo a cabeça ficado para o fim.
Para Fernando Jorge, em termos pessoais, esta obra “foi um desafio totalmente diferente, que chegou a bom porto. Sabe, o arquitecto não tem que pôr dificuldades nos objectivos propostos, tem de investigar, conversar e a obra vai surgindo”.
Neste caso, “foi um processo discutido com o dono da obra, com os técnicos das outras áreas e eu fui o coordenador geral dessas vontades, o que permitiu absorver as partes componentes para que não houvesse falhas”.
Foi “uma obra importante no meu curriculum? É como as outras. É diferente e é enriquecedora” - confessa o arquitecto Fernando Jorge.
Quanto à caracterização do edifício, as cores e os materiais de integração, Fernando Jorge sustenta que os “conceitos estão agarrados à sensibilidade de cada um dos técnicos. O todo é que faz o conceito definitivo de cada obra, tendo em conta os espaços, a funcionalidade e escala. Tudo faz com que defina a minha forma de intervir num espaço”.

SOMOS REALIZADORES DE SONHOS

Interrogado sobre a sua metodologia de trabalho, Fernando Jorge considera essencial “pensar bem as coisas antes de as fazermos. Se as indecisões forem muitas, há derrapagens para o construtor e para o dono. Foi uma experiência enriquecedora. Eu não tenho obras, as obras são das pessoas”.
Depois não se pode menosprezar a “experiência sustentada na multiplicidade e variedade de obras que tenho acompanhado, em consequência de um trabalho que não entendo como mais um trabalho”.
Decerto é por isso que as “pessoas acharam que eu tinha competência” depois de tantas obras como são os casos d o parque hoteleiro do Bom Jesus, no Sameiro, imensas casas e prédios, hotéis, palácios, centros cívicos, sedes de empresas de grande envergadura, um pouco por todo o país.
Sobre a sua marca pessoal – que tanto sucesso (e ciúme) lhe tem granjeado -, Fernando Jorge acha que a sua arquitectura se “define pelo rigor e atitude de seriedade e lealdade face aos meus clientes. O meu objectivo no contacto inicial com o cliente não é fazer a obra, mas resolver um problema. Nós somos realizadores de sonhos”.
Falando ainda de si, o arq. Fernando Jorge confessa que sempre deu resposta “às questões que me colocaram ao longo do tempo. É uma questão de escala. Acharam que eu tinha conhecimento e experiência para resolver este problema e resolvi. Cumpri o meu papel de fazedor de sonhos e até hoje não tenho nenhum cliente que tenha ficado chateado comigo. Respeito-os totalmente”.
Como é que consegue isso? - “é muito fácil. Não quero fazer a obra ideal para a revista ideal. As obras são o meu melhor cartão de visitas, mas não são minhas, a partir do momento em que o meu trabalho e pago”.
Quanto à clínica que agora vai complementar o campus do ISAVE, Fernando Jorge revela que o projecto já foi aprovado pela RAN e agora vai ser apreciado pela Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso. Mais “três ou quatro meses, o projecto está pronto para iniciar as obras”.
Há uma parte que funciona como hotel geriátrico integrado numa clínica vocacionada para a investigação da oncologia e neurologia, em que o doente além do tratamento possui espaços de lazer, com piscina, hidrologia, fisioterapia e outras valências.
Com cerca de 70 obras em curso, Fernando Jorge não destaca nenhuma: “todas são importantes e todas são diferentes”.

A generosidade de uma avó

Na juventude, somos atraídos por aquilo que é chamado de interessante; na idade madura, pelo que é bom — é o que apetece dizer da senhora D. Laurinda Tropa, de Darque, Viana do Castelo, que acaba de concluir a sua 27ª peregrinação a Fátima. Em 31 anos.

A septuagenária (72 anos) fez-se à estrada sábado - "pelas quatro da madrugada" - juntamente com mais de meia centena de peregrinos da região alto-minhota.

Nem as bolhas nos pés que a têm atormentado durante a viagem, nem umas "dorzinhas" na barriga de uma perna, a fazem vacilar na sua firme disposição de ir até ao fim porque, também para ela, “a fé move montanha”.

Fazendo jus ao seu apelido, Laurinda assume-se como a verdadeira chefe das "tropas", já que é ela que, com o seu apito, oferecido por um GNR, dá o "toque de alvorada" para o início de nova etapa, normalmente pela uma da madrugada.
É esse mesmo brilhozinho que se repete no olhar de Laurinda Tropa naqueles que considera os dois momentos mais emocionantes de uma ida a Fátima: quando se chega e se avista a capelinha das Aparições e na hora do adeus, com milhares e milhares e lenços brancos a esvoaçar.

O que avó faz, pode ser igual a muitas desenas de mulheres desta país, mas a sua singularidade reside na intenção que a move nestes trinta e um anos de vida: "Não vou a Fátima por promessa. Vou, isso sim, para rezar a Nossa Senhora pelos nossos jovens, para que os abençoe e os ajude a vingar na vida. Hoje, as pessoas parecem que apenas os querem enterrar, em vez de lhe darem a mão e o ânimo para seguirem em frente".
Lindo. Lindíssimo.

Neste Domingo em que a Igreja Católica começa a celebrar a semana da Vida, afirmar que as mulheres, como os sonhos, nunca são como as imaginamos.
Machado de Assis defendia que as Mulheres são como maçãs em árvores. As melhores estão no topo. Os homens não querem alcançar essas boas, porque eles têm medo de cair e se magoar. Preferem pegar as maçãs podres que ficam no chão, que não são boas como as do topo. Mas são fáceis de se conseguir.

Assim as maçãs no topo pensam que algo está errado com elas, quando na verdade, eles estão errados...

A D. Laurinda é uma das maçãs do topo da árvore feminina. Neste dia, 13 de Maio, em que todos os olhares se concentram em Fátima, devemos sentir-nos felizes por ter uma mulher assim tão perto de nós.