Obcecada pela ordem, pela
poupança e pelo controlo rigoroso da economia doméstica, a mãe, na sua casa de
comes e bebes, ela constitui a principal influência familiar sobre o seu filho
António, sendo sua conselheira e orientadora.
É por obediência a ela – Maria do
Resgate - que António segue para o Seminário de Viseu porque, nas aldeias, “ser
padre significa promoção social e fuga à endémica miséria nacional”.
Viseu
fecha-lhe o caminho do sacerdócio e abre o caminho para outras ambições. Ele
detestava ser o filho do feitor… e por causa disso abandona o primeiro
amor e acolhe-se à sombra do amigo
Manuel Cerejeira.
Imposta a ditadura militar em
28 de Maio de 1926, contra a deriva de uma república exausta, o nome de
Oliveira Salazar enquadra-se no perfil do movimento que saiu de Braga, com o
general Gomes da Costa à cabeça.
Este nomeia três lentes para
o governo a liderar por Alves Cabeçadas: Salazar nas Finanças, Remédios na
instrução e Rodrigues na Justiça. “Foi o que se pôde arranjar num momento
destes. O ministro das finanças é um tal Salazar de Coimbra. Dizem que é muito
bom”.
Calculista, Salazar olha à
sua volta e decide dizer não mas apos insistências vária, aceita o cargo a fim
de uma semana.
Cabeçadas é afastado alguns
dias apos por demasiadas cumplicidades com os republicanos e os três lentes de
Coimbra acompanham-no. Segue-se novo momento de intranqüilidade com a
deportação de Gomes da Costa para os Açores, subindo Oscar Carmona à chefia do
Estado.
Para acompanhar a agonia da
mãe, António Salazar mantém-se em Coimbra mas não se fasta da política,
escrevendo no jornal Novidades um série de artigos que desmantelam a política
financeira em vigor.
A incapacidade de conter os
gastos do Estado, o défice camuflado das contas públicas são os tópicos destes
artigos que vislumbram um programa de governo até porque “por detrás daquela
frieza estava uma ambição insaciável. És um vulcão de ambições” – escreveu o
padre Mateo Crawley, apos alguns dias de convívio com Salazar, a convite do cardeal Cerejeira.
Em Meados de Abil de 1928
surge nova oportunidade e Oliveira Salazar resiste e o Governo é empossado sem
ele. Duarte Pacheco vai a Coimbra e convence-o a aceitar o cargo de ministro
das Finanças, impondo um preço elevado: todos os ministérios aceitam
condicionar os seus gatos à verba atribuída pelo Ministério das Finanças.
Começa assim aquilo a que
chamaram a ditadura das finanças, conquistando tal força dentro do governo que
as suas idéias se alastram aos outros sectores do Governo e à política
nacional.
O Governo assumia a
prioridade do problema financeiro, secundarizando o económico, desprezando o
social e evitando o político.
Com a protecção de Carmona,
os primeiros ministros mudam mas Oliveira Salazar mantém-se, somando êxitos no
saneamento das contas públicas com a forma radical de não gastar mais do que se
produz.
Salazar é também o ministro
que resolve os casos complicados, centralizando o poder sobre as colônias em
Lisboa, através do Acto Colonial.
Salazar subia os degraus
necessários a ser nomeado primeiro ministro no Verão de 1932, sem qualquer
reticência sua parte.
Começa a saga do filho do feitor de Santa Comba Dão que
todos conhecemos.
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