Friday, January 25, 2013

Os rostos da República: OLiveira Salazar (7)

Obcecada pela ordem, pela poupança e pelo controlo rigoroso da economia doméstica, a mãe, na sua casa de comes e bebes, ela constitui a principal influência familiar sobre o seu filho António, sendo sua conselheira e orientadora. 

É por obediência a ela – Maria do Resgate - que António segue para o Seminário de Viseu porque, nas aldeias, “ser padre significa promoção social e fuga à endémica miséria nacional”. 


Viseu fecha-lhe o caminho do sacerdócio e abre o caminho para outras ambições. Ele detestava ser o filho do feitor… e por causa disso abandona o primeiro amor  e acolhe-se à sombra do amigo Manuel Cerejeira.

Imposta a ditadura militar em 28 de Maio de 1926, contra a deriva de uma república exausta, o nome de Oliveira Salazar enquadra-se no perfil do movimento que saiu de Braga, com o general Gomes da Costa à cabeça.

Este nomeia três lentes para o governo a liderar por Alves Cabeçadas: Salazar nas Finanças, Remédios na instrução e Rodrigues na Justiça. “Foi o que se pôde arranjar num momento destes. O ministro das finanças é um tal Salazar de Coimbra. Dizem que é muito bom”.

Calculista, Salazar olha à sua volta e decide dizer não mas apos insistências vária, aceita o cargo a fim de uma semana.

Cabeçadas é afastado alguns dias apos por demasiadas cumplicidades com os republicanos e os três lentes de Coimbra acompanham-no. Segue-se novo momento de intranqüilidade com a deportação de Gomes da Costa para os Açores, subindo Oscar Carmona à chefia do Estado.

Para acompanhar a agonia da mãe, António Salazar mantém-se em Coimbra mas não se fasta da política, escrevendo no jornal Novidades um série de artigos que desmantelam a política financeira em vigor.

A incapacidade de conter os gastos do Estado, o défice camuflado das contas públicas são os tópicos destes artigos que vislumbram um programa de governo até porque “por detrás daquela frieza estava uma ambição insaciável. És um vulcão de ambições” – escreveu o padre Mateo Crawley, apos alguns dias de convívio com  Salazar, a convite do cardeal Cerejeira.

Em Meados de Abil de 1928 surge nova oportunidade e Oliveira Salazar resiste e o Governo é empossado sem ele. Duarte Pacheco vai a Coimbra e convence-o a aceitar o cargo de ministro das Finanças, impondo um preço elevado: todos os ministérios aceitam condicionar os seus gatos à verba atribuída pelo Ministério das Finanças.

Começa assim aquilo a que chamaram a ditadura das finanças, conquistando tal força dentro do governo que as suas idéias se alastram aos outros sectores do Governo e à política nacional.

O Governo assumia a prioridade do problema financeiro, secundarizando o económico, desprezando o social e evitando o político.
Com a protecção de Carmona, os primeiros ministros mudam mas Oliveira Salazar mantém-se, somando êxitos no saneamento das contas públicas com a forma radical de não gastar mais do que se produz.

Salazar é também o ministro que resolve os casos complicados, centralizando o poder sobre as colônias em Lisboa, através do Acto Colonial.

Salazar subia os degraus necessários a ser nomeado primeiro ministro no Verão de 1932, sem qualquer reticência sua parte. 

Começa a saga do filho do feitor de Santa Comba Dão que todos conhecemos.

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