Palavras sobre bracarenses que fazem, porque há gente fantástica, não há? Há, a começar por ti.
Tuesday, January 3, 2012
Os rostos da República de A a Z: Sidónio Pais (7)
Sidónio Pais proclama vitória, a 8 de Dezembro de 1917, fazendo render os vinte mil escudos que um agrário alentejano lhe entregara para instaurar a República Nova.
Raul Brandão escreve no seu livro Vale de Josafat que foi “um golpe de magia. De um dia para o outro cai o Afonso Costa, e todo o cenário se transforma” mas a análise do escritor minhoto não corresponde à realidade.
Esta relativa facilidade com que Sidónio e seus pares assumem o poder contra os democráticos é ilusória, para mal de Portugal.
Não foi difícil reunir apoios contra Afonso Costa, rosto do partido da guerra, mas foi muito complicado integrar e articular os diversos interesses e expectativas que se congregaram em Sidónio para construir uma alternativa
positiva,
A pacificação e reconciliação da família portuguesa foi difícil apesar d e sempre repetida e pedida por Sidónio em todas as suas visitas onde pedia ajuda para “realizar equilíbrio político, para que se estabeleça a paz no pais”.
Com o poder nas mãos era necessário assegurar a ordem pública — contendo os assaltos a lojas — e formar governo. Ficou a pairar ideia de que ninguém estava para se sacrificar pela Pátria. À sua volta, a sociedade política era uma manta de retalhos e constava-se que “ninguém ambicionava o poder” ou esperava que Afonso Costa caísse tão depressa. O será tudo uma construção para fazer sugerir a imagem do homem que se sacrifica, aceitando o poder por amor à pátria?
De facto, o primeiro governo sidonista, tem à proa, na Guerra e diplomacia, o comandante das tropas e a 27 de Dezembro, Sidónio acaba por acumular a presidência da República, nomeando-se a ele próprio.
O Governo era constituído por revolucionários, centristas, unionistas e independentes, ou seja uma coligação de várias forças que substituíam os democráticos do pé para a mão.
O novo governo foi acusado de anti-intervencionistas e germanófilo, sendo responsabilizado por deixar as tropas portuguesas na Flandres à deriva. Daí a ser acusado de abandonar o Corpo Expedicionário Português e da derrota de La Lys, em Abril de 1918, foi um passo pequenino.
É verdade que Sidónio não investiu o que devi a na prestação portuguesa da Flandres, por imposição da santa aliança com Inglaterra.
Outros problemas tinham de ser enfrentados por Sidónio Pais, como era a reconciliação dos portugueses e fé-lo através da revisão da lei da Separação, satisfazendo os católicos. Criou o Conselho Económico para atrair a si os sindicatos e os empresários mas nunca conseguiu perdoar aos democráticos.
Daí a criar uma policia preventiva — para vigiar crimes políticos e sociais, ovo da futura polícia política, — foi um passo agravado com a criação de uma guarda pretoriana do regime.
É em 1918 que Sidónio Pais começa a ser acossado por várias conspirações, reais ou exageradas para justificar o aumento de um aparelho policial e militar de confiança da Nova República.
EM Outubro de 1918, acontece um dos mais nefastos gestos do sidonismo, quando 140 prisioneiros, políticos e delitos de direito comum, guardados por uns 200 polícias são conduzidos para outra prisão e seis são mortos a meio do caminho. Para os sidonistas foi uma tentativa de libertação de alguns prisioneiros que correu mal enquanto os democráticos acusavam os sidonistas de uma cilada pela eliminar indivíduos incómodos e perigosos.
Como em Lisboa, as coisas corriam menos bem, Sidónio sente necessidade de se reconfortado com o apoio na província encetado viagem às grandes cidades onde era recebido em apoteose como aconteceu em Braga, em Janeiro de 1918.
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