As divisões em três grupos dos republicanos, em torno de Afonso Costa, uns, de António José de Almeida, outros, e de Brito Camacho, uns terceiros, não impedem a formação de um governo em que Sidónio Pais assume a pasta do Fomento, pouco depois do seu colega de Coimbra, Arriaga ter sido escolhido como Primeiro Presidente da República. A discrição de Sidónio manteve-se até porque o Governo apenas durou dois meses.
No Governo que se segue, Sidónio passa para a pasta das Finanças, sem conseguir cumprir uma velha promessa republicana: o equilíbrio das finanças públicas, apesar do seu trabalho afincado para reduzir o défice. No entanto, o Governo durava sete meses...a par de descontentamento dos trabalhadores que levou ao movimento grevista de Janeiro de 1912, duramente reprimida pelo Governo quando eram cada vez maiores os rumores de movimentações monárquicas.
O novo Governo, em Junho de 1912, não inclui Sidónio mas este não era propriamente um desconhecido, dois anos após a implantação da República, explicando-se a sua nomeação para ser “o nosso homem em Berlim”, como embaixador plenipotenciário.
Na capital alemã, mobila a embaixada com dinheiro do seu bolso, para ombrear como outros diplomatas como Manuel Teixeira Gomes, João Chagas ou José Relvas. Aqui nasce um “novo” Sidónio que atribui à ordem, à disciplina e à austeridade a primazia na escala de valores de vida.
Por influência do meio, o diplomata republicano deixa-se permeabilizar pelo militarismo do regime, à encenação do poder e há quem lhe chame “crisálida germânica”, ao ganhar um porte aristocrático com apetência para o comando e a chefia.
Esta mudança é positiva para uns e negativa para muitos. Se fez dele um chefe, também roçou facetas de ditador e explica o seu germanofilismo que leva Portugal a entrar na I Guerra Mundial.
Berlim abriu-lhe oportunidade para novas experiências e aprendizagens mas é incorrecto que se tenha tornado um germanófilo. O seu primeiro trabalho na Europa foi o recnhecimento do regime republicano numa Europa quase toda monárquica.
A República tem de lutar contra vários perigos e obstáculos no tabuleiro internacional bem como outras questões que embaraçavam a jovem República Portuguesa, como a guerra à Igreja católica, a contratação de mão-de-obra indígena em África. A imprensa europeia era hostil e denegria a imagem da república lusitana e o governo radical de Afonso Costa não facilitava o trabalho de Sidónio em Berlim.
É um trabalho metódico, paciente e de charme que Sidónio Pais tem de desenvolver na Alemanha para fazer respeitar o regime português na Europa. A pacificação do regime com Bernardino Machado na presidência facilitou o trabalho de Sidónio que temia a entrada na guerra contra tão poderoso adversário.
Sidónio temia que se Portugal entrasse na guerra, a Alemanha podia apoderar-se das colónias em África. A neutralidade de Sidónio complica-se quando Afonso Costa decide entrar na guerra ao lado da Inglaterra, em 1916.
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