Palavras sobre bracarenses que fazem, porque há gente fantástica, não há? Há, a começar por ti.
Tuesday, January 3, 2012
Os rostos da República de A a Z: Sidónio Pais (6)
Em Berlim, Sidónio Pais temia que se Portugal entrasse na guerra, a Alemanha podia apoderar-se das colónias em África. A neutralidade de Sidónio complica-se quando Afonso Costa decide entrar na guerra ao lado da Inglaterra, em 1916.
A partir de Berlim, Sidónio deixa para trás a mulher e os filhos, porque não o esperava uma missão fácil, como reparamos anteriormente.
O seu papel e de outros diplomatas portugueses suscitava criticas de violentas de Teófilo Braga. Sidónio Pais é notificado a abandonar Berlim em Março de 1916.
No regresso a Portugal, o seu pais estava flagelado pelos efeitos da guerra, da fome e da peste, os ingredientes suficientes para que alguém pudesse alterar o rumo dos acontecimentos, com sucesso e de forma fácil, o que aconteceu com o golpe de 5 a 8 de Dezembro de 1917, quando “Lisboa ronceira desabelhava da Baixa para ir jantar”.
Seguindo de perto o relato de MARTINS, Francisco José da Rocha, Memórias sobre Sidónio Pais, Lisboa, Editorial ABC, o golpe é culminar de contactos do ex-embaixador de Berlim, contra o qual constava a existência de uma ordem de prisão ordenada pelo Governo de Afonso Costa.
Nesse dia 5 de Dezembro, Sidónio vestiu a farda que há vinte anos não usava, evitando mandar fazer uma nova para não levantar suspeitas. Dirigiu-se para o Jardim do Matadouro e partiu em direcção à Escola de Guerra, tocando o clarim, com uma pequena força de 40 cavalos, que foi engrossando com a adesão de Artilharia 1.
Na mítica rotunda de 1910 iniciava-se o golpe da Nova República para derrubar a Velha República, perante a incredulidade dos militantes e dirigentes do Partido Democrático, de Afonso Costa: “os senhores estão doidos. Este homem é lá capaz de fazer uma revolução?” — comentara o ministro dos Negócios Estrangeiros, Ernesto de Vilhena.
Foi um engano que custou caro aos democráticos que reagiram tardiamente e mal... porque os tempos estavam maduros para se afrontar o poder estabelecido.
A entrada de Portugal na guerra agravara a situação económica de um país que não produzia sequer o que consumia, numa trágica associação entre a escassez e a carestia.
Para muitos, existia fome, para outros a ameaça da fome apos longas filas de racionamento de alimentos e nada receber. A miséria espreitava todos os que viviam de salários fixos.
Que dizer também de milhares de homens e suas famílias mobilizados para as trincheiras da Flandres, em 1916? Assolada pela guerra, fome e a peste (tifo e a gripe espanhola em 1918), o descontentamento transformava-se facilmente em levantamento popular ou motim.
Os meios rurais católicos nunca perdoaram as diatribes de Costa contra a Igreja, no Verão de 1917 sucediam-se as greves, intensificando-se o movimento sindical.
Estava criada uma imensa maioria que estava disposta a apoiar ou tolerar quem quisesse mudar o cenário do pais, ao ponto de apos o golpe, a casa de Afonso Costa ter sido saqueada e os móveis atirados para a rua e levados por quem podia.
No entanto, Sidónio Pais contou com a incompetência do Governo para levar o golpe a bom porto que é forçado à demissão. O presidente Bernardino Machado resiste a nomear Sidónio Pais mas este impõe-lhe uma Junta revolucionária a que preside e assume todos os poderes. O Presidente é destituído e Afonso Costa é preso, juntamente com outros ministros, antes do Congresso ser dissolvido.
Sidónio podia proclamar vitória, o que aconteceu a 8 de Dezembro de 1917, fazendo render os vinte mil escudos que um agrário alentejano lhe entregara para instaurar a República Nova.
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