Friday, December 18, 2009

Franceses em Braga há 200 anos (26)


A Póvoa de Lanhoso possui um testemunho fortíssimo da hostilidade do clero aos invasores, que já foi veemente aquando da primeira invasão.
Na freguesia de Fontarcada, o pároco de então, padre João Afonso Pereira dinamizara festas de louvor e acção de graças pela expulsão das hostes invasoras, no dia 30 de Outubro de 1808, escassos meses antes da segunda invasão, que passou pelas terras de Lanhoso.

Antes da festa, o padre tinha feito levantar no Cruzeiro, em frente da Igreja, uma "luzida bandeira com as Reais Quinas, e aos pés destas as águias francesas". este gesto fez atrair os clérigos e o povo da freguesia e vizinhanças, bem como as famílias e as autoridades da Póvoa de Lanhoso.

No dia da festa, houve música instrumental e recitação de poemas alusivos ao fim da primeira invasão. Quando Soult preparava as suas tropas para a segunda invasão, em Fontarcada festejava-se ainda o fim da entrada mal sucedida de Junot em Lisboa, com cânticos no dia 30 de Outubro de 1808, na igreja engalanada e Eucaristia exposta, para além de uma missa solene e sermão pregado pelo reitor de Antime (Fafe), padre José Teixeira de Carvalho.

Este padre fafense "fez ver tanto ao vivo a nossa triste situação e nova felicidade, que não ficou um só espectador a quem não rebentassem várias vezes as lágrimas" como se pode ler na "Relação das festas do Couto de Fonte-Arcada, no mez de Outubro de 1808", editada pela Real Imprensa da Universidade de Coimbra, na página 3, daquele ano.

Nesta festa de acção de graças pela expulsão dos franceses "estiveram presentes as Câmaras da localidade e do concelho, com os seus presidentes oficiais, e as cerimónias religiosas, abrilhantadas por uma capela de música da região regida por um maestro natural da freguesia, terminaram com uma Procissão, indo o Santíssimo debaixo de um rico pálio, conduzido por seis eclesiásticos vestidos de asseadas alvas e ricas capas, e no meio dela o andor, com as Reais Quinas em triunfo, conduzido também por quatro beneméritos eclesiásticos, acompanhada de uma escolta de cinquenta e três milicianos".

Este texto, citado por João Francisco Marques num artigo sobre "O Clero Nortenho e as invasões francesas — patriotismo e resistência regional", exprime bem a aliança entre Clero e povo (milicianos) na construção da resistência à`segunda invasão que martirizou há 200 anos as terras da Póvoa de Lanhoso, no percurso das tropas francesas entre Chaves e Braga, em direcção ao Porto e na sua fuga por Vieira do Minho em direcção à Galiza, três meses depois do seu fracasso total.

Mas este sentimento anti-gaulês não foi sempre tão constante, uma vez que ele apenas se empertigou quando os clérigos começaram a aperceber-se da perda de algumas regalias, na sequência dos ideais da Revolução Francesa que chegavam até nós com a presença dos franceses, disseminados pela Maçonaria. Num instante, franceses e maçónicos, além de inimigos da Igreja passaram a ser os coveiros da Pátria. Percebe-se o empenho dos párocos e autoridades eclesiásticas no combate aos franceses, mais por interesses que por ideias patrióticos.

Aliás, as primeiras declarações são conciliadoras, por parte do episcopado, destinadas a evitar atritos com o invasor francês, mas a igreja vai evoluir para uma posição diferente que passa pela legitimação do levantamento popular e, inclusivamente, pela abolição da proibição de os eclesiásticos poderem pegar em armas.

O quadro não era fácil de explicar aos fiéis, fustigados pelo analfabetismo e em completa pobreza, pois "se é fácil pintar os franceses como ímpios, não é menos simples fazern esquecer que os britânicos são herejes, protestantes e anglicanos". Com a abertura dos portos do Brasil aos britânicos, o território português torna-se pela primeira vez palco de concorrência entre diferentes religiões cristãs, o que não deixará de causar atritos com o Vaticano.

As Invasões Francesas perturbaram profundamente a vida das instituições eclesiásticas (dioceses, paróquias e congregações) iniciado por influência externa (filosofismo e revolução francesa) e pelo definhamento pessoal e material de muitas casas religiosas. Muitos padres e religiosos que tiveram de deixar igrejas e conventos durante as Invasões quebraram
rotinas que não retomariam facilmente.

1 comment:

Revista Reporter X Editora Schweiz Oficial said...

Quadras de Natal... 1999
É Natal, é Natal,
É Natal em Belém,
É Natal em Portugal,
E em todo o Mundo também...

O menino nasceu em Belém,
Nasceu tão sozinho,
Para nos querer bem,
E ser nosso amiguinho...

Nasceu sobre as palhas secas,
O nosso DEUS menino,
No presépio relembramos,
O seu amor divino...

Veio para connosco sofrer,
E ser pregado na cruz,
O nosso DEUS menino,
Tem o nome de Jesus...

Ele tem uma alma boa,
Que nasceu com seu destino,
De espinhos é sua coroa,
Desde pequeno menino...

O DEUS menino veio ao Mundo,
Para fazer caridade,
Neste dia profundo,
Pregar sua pura verdade...

Este DEUS menino louvado seja,
Com a sua forte luz,
Também nossa casa festeja,
O Natal, lembrando Jesus...

A festa de Natal é da FAMÍLIA, é de todos nós!

O Autor inspirado no nascimento do menino, em Jerusalém...