Saturday, August 29, 2009

Franceses em Braga há 200 anos (18)



Já aqui falamos de três valentes portugueses que dominaram as segunda invasão de Soult que quis tomar Portugal entrando pelo Minho, em direcção ao Porto: Freire de Andrade, assassinado em Braga, Silveira de Brito, grande responsável pela derrota de Soult e o eng. Vilas Boas.

O trabalho sobre a Invasão francesa que devastou as terras de Lanhoso, antes da batalha de Braga, e na retirada, até Misarela, ficava incompleto se não falássemos de dois estrangeiros: o marechal Soult e o general inglês Wellesley.

Falemos hoje do marechal Francês que alguns bracarenses chegaram a aclamar com príncipe de Portugal: Jean de Dieu Soult, duque da Dalmácia (1769-1851). Nasceu no mesmo ano que o seu Imperador Napoleão Bonaparte, tendo-se alistado em 1786, passando por todos os postos inferiores até achegar a capitão, em 1793.

No ano seguinte consegue ser graduado em comandante de batalhão, coronel e General de brigada, ao colaborar de forma notável na conquista da Bélgica.

General de divisão em 1799, pelos seus feitos no cerco de Luxemburgo, Soult inicia uma colecção fantástica de sucessos militares, ao ponto de Bonaparte, fracassada a primeira invasão, perceber que ele era o único capaz de anexar este rectângulo da Península Ibérica.

Por isso, é enviado para a campanha de Itália, em 1804, acabando por ser um dos 44 elevados ººa categoria de Marechal. No ano seguinte já comandava o quarto corpo do Grande Exército de Napoleão, quando fez capitular Memmington e está na base da batalha de Austerlitz, antes de ter uma acção gloriosa durante a campanha da Prússia, em Iena e Eylau, nos anos seguintes.

Após o desaire de Junot, na primeira invasão, reforçada com a revolta dos espanhóis, torna-se parceiro de Napoleão no comando do segundo corpo, impondo-se notavelmente ao conquistar a cidade de Burgos e ocupar a Corunha, depois de perseguir o exército inglês, obrigado a retirar-se em condições trágicas em Janeiro de 1809.

Era o militar com todos os pergaminhos capazes de invadir com sucesso o pequeno reino e entra em Portugal a 7 de Março de 1809, chegando ao Porto 20 dias depois, deixando no caminho entre Chaves, Braga e a Cidade Invicta um rasto de destruição e morte.

A sua competência militar rivalizava com a sua vaidade e ambição, copiando o sonho de Junot ao desejar ser rei de Portugal, mas a contra-ofesiva portuguesa, delineada pelos ingleses e apoiada na fortíssima e surpreendente resistência dos povos nortenhos obrigaram-no a retirar do Porto em Maio de 1809.

Mesmo na retirada, como já recordamos em crónicas anteriores, ele demonstrou todas as capacidades do seu génio militar, protegendo até à exaustão a vida dos seus homens.

Na retirada para Espanha, por Montalegre, desce depois até Sevilha que conquista naquele ano para aí instalar o seu quartel-general, ocupando toda a Andaluzia, sendo apenas derrotado dois anos depois pelo mesmo general que o afastara no Minho, Beresford, na batalha de Ambuera, uma das mais sangrentas da Guerra Peninsular.

Após a vitória de espanhóis, portugueses e ingleses em Salamanca, no ano 1812, toma conhecimento que Wellington se prepara para conquistar Madrid. Soult sai de Sevilha e com outros corpos franceses força á retirada dos portugueses e ingleses.

Depois da ofensiva vitoriosa dos portugueses e ingleses em Vitória, no ano 1813, Napoleão atribui-lhe o comando de todo os exército francês na Península Ibérica, com o qual encetou uma retirada notável, tendo ainda tentado defender a cidade gaulesa de Toulouse.

Soult mostrou, em circunstâncias difícílimas, ser um militar de eleição, ao ponto de Napoleão o considerar o "primeiro estratega da Europa".

Só descansou quando os Bourbons chegaram ao poder em França e lhe confiaram o comando do 13.º Exército, combatendo ao lado do Rei contra Napoleão na batalha de Waterloo, ascendendo depois a Ministro da Guerra, em 1830.

Era tão elevado o seu talento que os próprios ingleses — que tantas vezes o derrotaram na Península — o homenagearam, sendo aclamado de forma notável em Londres. Possui a mais alta distinção militar do, Marechal-General de França, atribuída apenas a mais três militares até então, em 1847.

Soult morreu em 21 de Abril de 1851, desaparecendo assim, provavelmente, um dos melhores marechais do grande imperador Napoleão. O seu perfil, a sua capacidade e o seu génio valorizam muito mais a resistência minhota na segunda invasão.

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