Thursday, November 29, 2007

Braga: desta vez, não. E das outras?

Quem disse que vira um porco andar de bicicleta tem agora motivos para dizer que viu, por estes dias, uma bicicleta andar de porco — escrevia Manuel António Pina (JN 22.11.2007).

É o que está a acontecer em Braga. Finalmente, tornou-se oficial em Braga: vivemos no município dos bananas. As obras na Variante Sul mostram um desnorte total. Para falar de competência na execução deste tipo de obras, não tenho conhecimentos técnicos que a sustentem, embora tenha olhinhos e tenha visto como se faz noutros sítios, também em Braga.

Vem isto a propósito da confissão — muito tardia, após duas semanas de silêncio e de sobranceria face às críticas — feita pelo presidente da Câmara Municipal de Braga, depois de acossado por toda a Oposição e pela comunicação social.

O senhor presidente quase lhe apetecia citar as declarações do senhor Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e dizer também que “alguns empresários deviam ter vergonha da sua actuação”.

Porquê? Porque prejudicam o Município (e todos nós) cometendo atropelos aos cadernos de encargos que eles aceitaram para vencer os concursos públicos.
Como prejudicam o Município?

Porque obrigam a Câmara Municipal a pactuar com actos de concorrência des-leal só admitidos depois da pressão da comunicação social.

Porque mandam para a valeta a credibilidade que um município deve ter como pessoa de bem que não pode fechar os olhos perante a violação clara das regras do jogo da actividade empresarial.

Depois, mancham a credibilidade dos autarcas porque — apesar das multas anunciadas aos incumpridores — pois os bracarenses até podem duvidar se algum dia era anunciado algum castigo se não houvesse tantos protestos na comunicação social.

Porque fazem os braca-renses acreditar que o poder político está de cócoras diante do poder económico, pois cresce o número daqueles que acreditam que alguns fazem o que querem e fazem da lei letra morta.

Porque, perante tanto silêncio ao longo de várias semanas, face aos protestos de uns e às denúncias de outros, os bracarenses começam a acreditar que uns são mais iguais que outros.

Os empresários que se comportam desta forma — desrespeitando os direitos dos companheiros do tecido empresarial — gerem as empresas sem ética nos negócios.

Se não estivessem habituados a fugir sem ser punidos, não o faziam da forma grosseira como o fizeram agora. Desrespeitam o povo, escarnecem o poder político e prejudicam os empresários cumpridores.

O governo municipal de todos não pode limitar-se a dizer, tardiamente, que sabe e que desta vez não passou, na esperança de que a denúncia leve a mudanças de comportamento de alguns.

Não nos basta que os cofres do município continuem a engordar à custa de muitos, que pagam cada vez mais, nem à custa dos empresários que cumprem os seus deveres.

Se o senhor presidente da Câmara disse é porque sabe do que fala. Os bracarenses agora têm direito a saber qual vai ser o montante das multas, para verificarem se o incumprimento dos cadernos de encargos e o desrespeito por quem manda nes-te município compensa.

Não queremos que Mesquita Machado seja mais um daqueles políticos, que dizem — depois de abando-narem os cargos — coisas interessantes quanto contraditórias com a acção anterior. Um dos exemplos, é Ronald Reagan. Depois de deixar a Casa Branca saiu-se com esta: “achava que a política era a segunda pro-fissão mais antiga. Hoje vejo que ela se parece muito com a primeira”.

Já agora, meu caro presidente. Não se esqueça da descoberta de George Bush, quando deixou de ser presidente: “é impressionante como as pessoas me ganham no golfe depois de eu deixar de ser presidente”.

Imponha-se, antes de ser substituído no tapete verde.

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