Thursday, June 28, 2007

Galiza: a culpa é do vento?

A rede ferroviária de alta velocidade é um compromisso de Portugal para com Espanha, porque acordámos, na Cimeira da Figueira da Foz, em 2003, a concretização da ligação transfronteiriça Porto-Vigo, entre outras.

É um compromisso de Portugal para com a União Europeia, porque, em 2004, Portugal conseguiu ver reconhecida a integração do eixo Porto-Vigo, entre outros na lista, dos 30 projectos prioritários da Rede europeia de Transportes; e
Trata-se de compromissos expressamente reafirmados pelo Conselho de Ministros em Junho de 2004, com o voto de Luís Marques Mendes.

Agora, o líder do maior partido da Oposição surpreendeu o país com a criação de uma comissão para estudar eventuais alterações ao traçado do comboio de alta velocidade, conhecido pela sigla TGV.

Este impulso de discussão de tudo o que já foi discutido e por eles decidido quando estavam no Governo descredibiliza os dirigentes sociais democratas uma vez que não ostenta postura de Estado para serem alternativa válida. Como se pode vir agora colocar em causa o que foi discutido, aprovado e contratualizado com Espanha e a União Europeia?

Que novo argumento existe agora para colocar tudo em causa, quando na Galiza as obras do TGV avançam a alta velocidade entre as cidades de Vigo e a Corunha?

De acordo com o jornal Faro de Vigo, dos 166 quilómetros de linha entre Vigo e A Corunha, 40 km já estão em serviço, mais de 86 em obras e apenas restam estudos para 41 km, principalmente nos troços que mexem com a estrutura rodoviária das grandes cidades galegas.

Do lado português, no troço Porrto-Braga-Vigo, apenas temos gasto milhões e milhões de euros em estudos feitos nos gabinetes. Quanto a obras no terreno, os portugueses nada vêem.

Na Galiza, o prazo de conclusão desta ligação ferroviária de alta velocidade entre Tuy e Ferrol deve estar concluída em 2010, num investimento superior a mil milhões de euros.

Mais uma vez, os nossos vizinhos tomaram a dianteira, deixaram-se de gabinetes e vão à frente. Nós continuamos a fazer estudos que depois vão ser alterados parra adequar, literalmente, a nossa bitola à medida espanhola.

Se TGV criar 36 mil postos de trabalho, gerando um aumento do investimento privado superior a setenta mil milhões de euros, um crescimento do Produto Interno Bruto de cem mil milhões de euros e uma receita fiscal de vinte mil milhões de euros, percebe-se por que há interesse em adiar este projecto por parte de quem não o conseguiu fazer.

É este o ritmo de desenvolvimento que o maior partido da Oposição quer para o país e especialmente para o Minho onde nasceu o seu líder?

Se agora queremos alterar tudo — ou pelo menos questionar tudo — que boa fé tinha o Estado português quando assinou os acordos com Espanha nesta matéria?

Alem de estarmos a travar a velocidade do progresso, estamos a dar provas de falta de palavra de honra com Espanha e a adiar as legítimas expectativas dos portugueses e dos minhotos.

Agora, venham-nos dizer que... de Espanha, nem bom vento...

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