Thursday, June 28, 2007

Braga: “bogalha” dos tempos livres alastrou-se às crianças e idosos





Os mais crescidos lembram-se de ocupar os tempos livres a jogar “à bogalha” ou à “bogalinha” – essa paixão de toda a miudagem - e foi esta brincadeira que levou Adolfo Eduardo Castro Fernandes e seus companheiros a uma aventura séria em prol da infância e da terceira idade.

Depois de andar com a “casa às costas”, “A Bogalha” do filho do jogador arsenalista Cesário dispõe hoje de excelentes instalações, a meio caminho entre a Quinta dos Congregados e o Bairro da Alegria. Ali acolhe gente de todo o lado, incluindo a D. Arménia, que foi cozinheira do general Norton de Matos.

É com um brilho nos olhos – para suavizar as dores de cabeça dos encargos e dos efeitos da crise – que Adolfo Fernandes nos mostra as magníficas instalações da Associação “A Bogalha” que faz 21 anos de vida depois de amanhã.

Este funcionário da Segurança Social foi estimulado por Fernando Rocha – então presidente do Centro Distrital de Segurança Social de Braga – a criar uma creche que começou a funcionar numa vivenda na av. 31 de Janeiro, para apoio aos filhos dos colaboradores da Segurança Social, agregada ao Centro de Cultura e Desporto. Depois de alguns meses adquiriu o estatuto de IPSS e alargou os seus serviços a Jardim de Infância, com vinte crianças, e ATL, com dez.

Hoje, é uma estrutura consolidada, com um orçamento da ordem de um milhão de euros e 49 funcionários que prestam apoio a 124 crianças do Jardim de Infância, mais 33 crianças na valência de creche criada em Setembro do ano passado. No ATL é prestado apoio a 120 crianças, enquanto o centro de Dia para idosos acolhe oito pessoas e é prestado apoio domiciliário a mais de uma dezena.

“A Bogalha” presta ainda serviço de acção social, no âmbito das acções de levantamento, requerimento e fiscalização do Rendimento Social de Inserção (RSI).

Falávamos acima de dores de cabeça do Adolfo Fernandes e da sua Direcção: é que as novas instalações foram financiadas, com atraso, no âmbito da Medida 5 do programa europeu “Integrar” em 50 mil contos. Foi bastante pouco para um investimento de 320 mil contos, apesar de terem sido desbloqueados mais 25 mil contos do Fundo de Socorro Social. O resto foi financiado através do recurso ao crédito bancário que está a ser amortizado à medida que a Associação pode.

Com boas relações com as autarquias – quer a Câmara Municipal quer a Junta de Freguesia de S. Vítor – “A Bogalha” não abdica da “participação cívica na vida da cidade, contribuindo para o enriquecimento cultural da cidade, sem tirar protagonismo a ninguém” – assegura Adolfo Castro Fernandes.

NOVA CRECHE

É este dinamismo da direcção de “A Bogalha” que justifica um novo projecto em marcha: a construção de uma creche, cuja candidatura já foi aprovada pelo programa PARES. A creche será construída no terreno anexo às actuais instalações. Dentro de dois meses abre o concurso e a obra tem de estar concluída no prazo de um ano ara atender 33 crianças – revela o nosso interlocutor.

Adolfo Castro Fernandes fala-nos de outro “projecto inovador” – no nosso entender de grande alcance social – mas ainda é cedo para dizer quando avança e por isso é melhor guardar os pormenores, para já.
Em termos educativos, o projecto é coordenado por Elisabete Dinis e a “menina dos olhos” desta instituição passa pelo “Numérica”, um projecto de ensino da Matemática através de jogos e apoio multimédia.

O lema de Elisabete Dinis passa por “promover todas as potencialidades da criança, independentemente da sua condição social, em todas as vertentes, desde a emocional à sócio-afectiva, de modo a possibilitar-lhe um desenvolvimento harmonioso em todas as áreas”.

Este projecto assenta na “aprendizagem activa, mediante a qual a criança aprende fazendo, com experiência e acção”.
“Temos conseguido – diz – porque as nossas equipas têm feito um excelente trabalho nesse sentido. Temos conseguido desenvolver trabalhos de estimulação, ao nível da diversidade dos temas explorados”.

Este projecto educativo tem um nome “A Bogalha sem barreiras, no respeito pela multi-culturalidade” que permite um conjunto de aprendizagens, através de pesquisas, com as educadoras, em colaboração com os pais, de acordo com os países explorados e as culturas”.

A segunda fase deste projecto envolve um grande número de crianças com as culturas do Brasil, Leste Europeu, Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e Roménia.

Os resultados do programa têm sido excelentes e traduzem-se no Dia da Poesia, saraus multiculturais, em que as crianças, por exemplo, “declamam poemas de autores dos diferentes países” ou expõem trabalhos realizados pelo ATL e pelo Clube Juvenil.

O conhecimento dos diferentes países passa também pelas suas tradições, pela gastronomia (por exemplo, confeccionar os crepes franceses e outros petiscos que são servidos no fim dos saraus culturais), desenvolvendo um tema abrangente.
“Apostamos nas relações humanas e afectivas entre pessoas de diferentes culturas e países” – sustenta a Coordenadora Pedagógica de “A Bogalha”.

O próximo projecto educativo, explica Elisabete Dinis, passa pela “descoberta das ciências e das novas tecnologias para promover nas crianças o gosto pela observação, análise, registos, avaliação, espírito crítico, raciocínio lógico, novas tecnologias (porque cada sala dispõe de um computador)”.

Na sala do ATL existem vários computadores com acesso à Internet que permitem a pesquisa sobre temas que estão a ser explorados. Este projecto vai envolver o Departamento de Ciências da Universidade do Minho, com a presença de professores e de estudantes.

Outra das virtualidades apontadas por Elisabete Dinis foi a forte motivação dos pais para participarem nestas actividades e nas reuniões.

Outra das apostas passa pela recuperação do boletim da instituição, “Meio metro”, um instrumento de comunicação no seio da instituição, cujo presidente da Assembleia Geral é Luís Alberto da Costa Pereira. O presidente do Conselho Fiscal, eleito em Dezembro, com os seus pares, para um mandato de três anos, é António Manuel Almeida Seara.

No comments: