Saturday, March 24, 2007

A descrença e a desilusão

O primeiro-ministro explorou, no Parlamento, as contradições no PSD sobre a construção do novo aeroporto da Ota e a baixa dos impostos, sugerida pelos sociais-democratas, num debate com a intervenção surpresa de Santana Lopes.

A única alegria para os portugueses consiste na revisão em baixa da meta do défice em 2007 de 3,7 por cento para 3,3 por cento.

De resto, os portugueses só podem estar descontentes. O líder do PSD volta a apelar ao Governo para reconsiderar a decisão da Ota, mas esuquece-se que pertenceu a um Governo que defendia a construção do novo aeroporto.

Não se percebe porque há tão pouco tempo defendia o contrario e parece que mudou de opinião só porque agora está na oposição.

Santana Lopes – que está a aparecer muitas vezes — veio em socorro do PSD mas também se esqueceu do que tinha dito há escassos dois anos.

Depois Marques Mendes também meteu os pés pelas mãos na questão dos impostos do IVA e do Irc que agora quer baixar quando em Outubro, há apenas seis meses dizia que isso era "um exercício de demagogia e irresponsabilidade".

Quanto ao partido de alternativa ao actual poder socialista estamos conversados.
Mais à direita, por entre insinuações de racismo e de agressões físicas, o CDS vai caminhando para a agonia final da sua decomposição e não inspira confiança.

À esquerda do PS, o discurso é o mesmo de sempre num pais que está à mingua de recursos económicos.
O Governo está como quer, sem oposição credível e sustentada na coerência e alimentada de credibilidade. A economia não sobe acima dos dois por cento necessários para criar os prometidos 150 mil novos empregos.

As regalias de segurança social e saúde dos trabalhadores continuam ameaçadas. Os filhos tem de levar as mochilas às costas cada vez mais longe para as aulas, as mães dão à luz na auto-estrada com maior freqüência e os funcionários públicos e trabalhadores por conta de outrem – que a nada podem fugir – comem e só podem estar calados.

Apesar do sol da Primavera que se anuncia, os portugueses só tem razões para estar desiludidos e descrentes. Se há vida para alem do défice, a vitória anunciada de Sócrates é muito pouco para a vida dos portugueses.

O Governo de José Sócrates está refastelado nas suas sete quintas das OTA’s e TGV’s. Os portugueses é que não.

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