Palavras sobre bracarenses que fazem, porque há gente fantástica, não há? Há, a começar por ti.
Thursday, June 28, 2007
Vergilio Rodrigues edita "Estrada de macadame"
O professor Vergílio Rodrigues acaba de publicar o seu primeiro livro de ficção — “Estrada de Macadame” — embora “certos factos que estão por trás das histórias tenham acontecido”. É o caso do texto que encerra este livro, publicado no Correio do Minho, quando foi erigida uma estátua a Santos da Cunha e o autor era membro da Assembleia Municipal de Braga.
Com a chancela da jovem editora Atelier@doimpensavel.pt, depois de ter publicado diversos livros didácticos, sobretudo da língua e cultura inglesas, o actual Director do Instituto Britânico de Braga mostra o resultado do seu trabalho de escrita “ao longo de três anos” porque lhe roubaram o computador onde já tinha alguns capítulos e “tive de o reescrever”.
Foi “uma ideia que sempre me ocupou o espírito” — diz-nos Vergílio Rodrigues, quando justifica esta incursão pela ficção por parte de um homem que — além de ter sido eleito deputado à Assembleia da República por Braga— se tem dedicado ao ensino.
Depois de ter publicado “My first book of english” e “My second book of english”, Vergílio Rodrigues fa-znos recuar a “um tempo em que o país viveu encoberto por um manto de obscuridade, que não parecia ser possível dissipar”: era o “tempo da angústia e do medo”. Mas “Estrada de Macadame” leva-nos a outro tempo “de guerra de mortes e de feridas incuráveis, como, afinal, em todas as guerras” e este é o”tempo do desespero e do luto”.
No entanto, o autor de “Estrada de Macadame” viu e viveu a “esperança de uma nova vida” no “tempo da Liberdade, uma palavra nova e sem idade, tantas vezes sonhada, tantas vezes perdida”.
Na “Estrada de Macadame” o personagem não é o famoso engenheiro escocês MacAdam, “não precisa de nome. Basta-lhe que tenha sido um bom caminhante” que se chama Vergílio Rodrigues.
A receptividade ao livro — que ainda não teve uma aprensentação oficial e púnlica — tem sido boa. “Já me disseram para escrever mais — revela Vergílio Rodrigues. Podia ter incluído outros textos dispersos como as intervenções na Assembleia da República sobre Educação, artigos publicados no semanário “O Jornal” e outras coisas minhas…”
Explicando a escolha do título do livro, Vergílio Rodrigues aponta para a “vida como uma estrada que se percorre em que se vai deparando com várias situações” ,numa alusão a Pícaro, em que as “personagens caminham pela estrada e vão amadurecendo”.
Nesse sentido, Vergílio Rodrigues partilha com os seus leitores, ao longo de cento e poucas páginas de um livro com uma belíssima capa de Ângela Andrade com pintura de Aline Delgado, os primeiros anos da sua infância em tadim e no colégio interno em Guimarães.
Os anos da Universidade de Lisboa — depois de concluir os estudos em Braga, no Colégio D. Diogo de Sousa — são igualmente evocados na “Estrada de Macadame”, sem esquecer a vida militar e o regresso a Braga, onde é director do Instituto Britânico desde 1983. A nós não nos basta que Vergílio Rodrigues “tenha sido”, porque acreditamos que ele “é e será” um bom caminhante de outras estradas (livros) que aguardamos, se não lhe roubarem, outra vez, o computador com as suas notas valiosas.
Aguardamos mais jogos do botão numa escola sem medo, sem fome, mas catitinha, que forma homens para uma sociedade sem morte de furriel mas com testemunhos de homens cansados da guerra que nos avivem as saudades da revolução.
Um cidadão
do mundo
“Sempre gostei muito de ler e escrever” — assegura o autor, nascido em Arcos de Valdevez, em 1940, que passou os primeiros anos da infância em Guimarães.
Quando vivia em Guimarães, com os seus irmãos, “eu vinha a Braga só para ler livros na Biblioteca Pública. Às vezes vinha à boleia. Foi nesta biblioteca que tomei contacto com os grandes esceritores portugueses”.
Nessa altura da adolescência, recorda o nosso interlocutor, “li muito. Escrevia razoavelmente e daí a vontade de fazer um livro, porque a minha vida tem alguns motivos curiosos que mereciam ser partilhados, com uma roupagem ficcionada”.
Vergílio Rodrigues recorda os anos em que foi prefeito no Colégio Moderno, enquanto estudava na Faculdade de Letras Filologia Germânica, onde “conheci muito de perto Mário Soares e toda a família”, sem esquecer o serviço militar prestado no enclave angolano de Cabinda.
“Não era um operacional, o que me dava a possibilidade de olhar melhor a guerra no trabalho de reabastecimento da nossa unidade” — explica o autor de “Estrada de Macadame” que viu mortos, prisioneiros e pormenores da guerra que “me impressionaram muito. Tomei umas notas mas a sua publicação foi sendo adiada”.
Após o regresso de Angola, Vergílio Rodrigues fixou-se em Lisboa, onde nasceram os três filhos e “tive que trabalhar muito em diversos sítios. Nunca tive muito tempo para escrever”.
Depois dos filhos crescerem, dá-se o regresso a Braga, no início da década de oitenta. “Comecei a ordenar as notas, pedindo opinião aos amigos e recebi incentivos de alguns, como o José Manuel Mendes, para escrever Estrada de macadame”.
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