Depois de um grande dia de folia, quase não apetece falar de coisas sérias, mas não somos nós que fazemos o calendário.
Hoje, é o dia de S. João Baptista, um santo venerado pelos cristãos, pelos judeus e pelos muçulmanos, assumindo-se como uma ponte entre civilizações que se têm degladiado ao longo dos últimos vinte séculos.
Hoje não celebramos apenas o S. João. A Igreja católica portuguesa celebra também o Dia macional do Cigano.
São portugueses, mas a nacionalidade não os livra de serem o principal alvo de racismo e xenofobia no país. Os cerca de 50 mil romanis lusos celebram hoje o Dia Nacional do Cigano.
Um povo que celebra o S. João de forma tão exuberante como nós o fazemos não podem permitir que os ciganos portugueses vivam a mais grave e escandalosa de todas as situações de racismo e xenofobia registadas em Portugal.
Um inquérito nacional realizado recentemente que perguntava a estudantes "quem expulsariam de Portugal". Trinta e quatro por cento dos jovens escolheram aquela minoria como a menos desejada.
Os portugueses que festejam o S. João, profeta das três maiores religiões monoteístas não podem ter a consciência tranquila enquanto os portugueses ciganos ssão condenados ao ostracismo social.
A união familiar e a solidariedade do clã, visível quando um familiar é hospitalizado, ou alguém é preso, o carinho pelas crianças e pelos idosos é são características ciganas que contrastam com uma sociedade – dita normal – onde crescem os maus tratos a crianças e os idosos são abandonados à sua sorte ou armazenados em lares.
Talvez porque tenhamos muito a aprender com os ciganos é que temos receio de ficar mal ao comparar os nossos comportamentos com os deles.
Para que nãos nos incomodem a nossa consciência, desejamos que eles sejam como o lixo: à nossa porta, não.
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