Apesar dos discursos triunfais de Ângela Merkel, Nicolas Sarkozy, Tony Balir e José Sócrates, o que sobra da última cimeira dos 27 países que constituem a União Européia não se pode definir como uma grande vitória nem o sair do beco em que a Europa que escondeu.
Todos reivindicam pequeninas vitórias: quando é assim não se pode falar de um triunfo da Europa.
Sobra antes uma enorme responsabilidade para o Governo português se quer ficar na história da construção da Europa, redigindo a versão final do Tratado Constitucional simplificado.
A Europa fica melhor que Nice mas recua em relação ao Tratado chumbado no referendo.
Portugal não tem um mandato claro e preciso para continuar o trabalho e conseguir um Tratado em Outubro. José Sócrates recebeu um presente envenado.
A tarefa é complicada porque tem de salvaguardar a dupla maioria alemã que a Polônia só aceita a partir de 2014 e permitir que os ingleses continuem de fora da Carta dos Direitos fundamentais e os franceses mantenham a sua concorrência livre.
A imensa maioria dos paises europeus fica a perder com estas condições draconianas dos grandes porque a União perde os seus símbolos — hino e bandeira — e apenas se salva um reforço dos poderes dos parlamentos nacionais e do Europeu.
Como se está a ver, este tratado que Lisboa tem de redigir complica ainda mais e torna-se menos compreensível para os cidadãos que a actual Constituição de Nice.
Se é assim mais complicado, por que é que os grandes lideres europeus falam de vitória? Porque esperam evitar a ratificação deste tratado por referendos nacionais, enquanto as grandes potencias mantém as suas reivindicações.
Ora, as pequenas vitórias dos lideres de algumas nações apenas satisfazem ambições nacionais mas hipotecam o grande projecto europeu sonhado por Jean Monet há 50 anos.
Por isso, era bom que a presidência portuguesa não ficasse associada a este tratado que pouco mais é que uma revisão de Nice a vinte e sete vozes.
A cedência à Polónia para salvar a face de Angela Merkel significa que o bloqueio europeu continua e José Sócrates muito dificilmente o desfará.
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