Não sou transmontano, como podem pensar os leitores, por trazer esta questão várias vezes para reflexão. Mas o que aconteceu com o socorro que não existiu a um homem em Alijó, justifica que traga aqui o assunto.
É mais um motivo para nos indignarmos com a falta de respeito pelos direitos das pessoas com que algumas instituições continuam a existir e a receber subsídios do Estado e donativos dos cidadãos.
António Moreira, 44 anos, faleceu na madrugada de terça-feira, na sua casa numa freguesia do concelho de Alijó, depois de uma queda, em que terá batido com a cabeça, e o deixou a sangrar.
A casa da vítima fica a 60 quilómetros de Vila Real e a nove quilómetros de Alijó. Não está, neste caso, em causa o fecho do Serviço de Atendimento Permanente porque o irmão do falecido disse ao INEM que este já estava morto, quando pediu socorro.
O INEM solicita apoio aos bombeiros de Favaios e estes por falta de tripulação obrigam o INEM a tentar segunda via, mas os soldados da paz de Alijó só tinham um elemento no quartel.
Ora, é aqui que está o cerne da questão: a boa vontade de muitas corporações de bombeiros voluntários por esse país fora traduz-se em nada quando as populações precisam deles.
Vivemos num tempo em que a boa vontade só não basta ou quase não serve para nada.
Enquanto a ignorarmos este problema, continuaremos a assistir a desfiles de fanfarras de vaidades e de rivalidades bacocas, a descarregar subsídios do Estado, para ver quem constrói o quartel maior e a permitir que os soldados da paz sejam usados como carne para canhão de lutas partidárias ou políticas.
Estou a caricaturar?
Então, juntem aos casos referidos hoje a falta de meios humanos e viaturas, as quezílias nos tribunais em Braga, as confusões de comando em Amares, a megalomania que endividou em Monção, as lutas de poder em Guimarães e o que está a deflagrar na Póvoa de Lanhoso.
Não é para estes serviços que se gastam dinheiros de todos nós — em impostos e donativos — e os soldados da paz merecem mais respeito.
Os portugueses merecem melhor serviço. O voluntariado apaga mal os fogos por falta de bombeiros e não consegue prestar socorro aos doentes ou feridos.
Para que servem? Portugal merece mais e melhor. Os bombeiros deviam ser notícia por outros feitos e correm o risco de ficarem sem efeito.
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