Palavras sobre bracarenses que fazem, porque há gente fantástica, não há? Há, a começar por ti.
Wednesday, March 19, 2008
António Lima: pintor de arte sacra desde menino
A crise económica dos últimos anos fez aparecer no seio da arte sacra — pintura e restauro de igrejas, altares e imagens — pessoas da construção civil, sem as qualificações necessárias para um trabalho que exige maiores qualificações.
Mais que uma denúncia é uma constatação de António da Silva Lima, um pintor de arte sacra, com loja instalada há ooito anos na rua de santa Margarida que trabalha nesta arte desde pequenino.
“Nasci entre imagens de santos e altares ou peças de talha de igrejas” — lembra António Lima que nos recebe na sua oficina, situada por debaixo da loja.
“O meu pai — Fernando Lima — já estava nesta arte, pois tinha uma fábrica muito grande de marcenaria e talha que trabalhava para os Fonsecas. Eu preferi enveredar pela pintura. Desde pequenito comecei a ver os pintores a cuidar das imagens em casa e hoje faço tudo na pintura, bem como restauro de imagens antigas que exigem uma técnica diferente” — esclarece António Lima apontando para uma imagem vinda d eum museu para restauro.
Nessa oficina, que mantém há 18 anos, desde que se instalou inicialmente em Santa Tecla, onde nasceu, continua a dar trabalho a quatro colaboradores, embora já tenha tido mais, porque “saíram dois no ano passado”.
Na oficina da Casa Arte Sacra, António Lima e seus colaboradores fazem trabalhos de pintura e restauros em imagens, altares e “tudo o que s erelacione com a arte sacra, como estandartes, bandeiras, ambões, tectos, sanefas, etc.”
A sua experiência na pintura de artigos religiosos começou aos 15 anos, na Casa de Arte Cristã, onde esteve durante 19 anos, até que se estabeleceu por conta própria com uma oficina em Santa tecla, há 18 anos. Dez anos depois abriu a loja de comercalização de artigos religiosos.
Para trás fica aquele belo dia em que conseguiu fazer um restauro difícil de uma imagem de pasta de papel. O seu encarregado não conseguia dar conta do recado e desistiu.
“Eu ofereci-me para fazer o trabalho. O patrão perguntou-me: és capaz? Em desespero de causa, enchi-me de coragem, demorei bastante tempo, mas acabei por conseguir fazer aquele restauro bem complicado, com uma técnica imaginada naquela altura”.
“O nosso forte são as imagens, desde o restauro à pintura mas temos trabalhos de restauro de talha, que encomendamos a outras empresas” – revela António Lima, dando exemplos de trabalhos como a Igreja de S. Torcato, outro templo em Alvaiázere (Tomar).
PINTAR
RENDA
DE S. TORCATO
DEMORA
UMA SEMANA
“Andamos por todo o lado. Recentemente estivemos a restaurar a Igreja de Carapeços, antes em Chorense (Terras de Bouro) e em Montalegre”. De momento, a Casa de Arte Sacra tem uma encomenda de dez sanefas para a Igreja de Riba d’Ave.
O sector de actividade ligado à arte sacra também sente os efeitos da recessão económica até porque “há muito artista vindo de outras artes que escolheram a arte sacra a pensar que estava a dar mais dinheiro”.
Esta “invasão” não é positiva para o nosso património porque a falta de preparação de alguns deles conduz a que se estejam “a restaurar altares e imagens com muita asneira e isso está a prejudicar-nos um pouco pois misturam tudo sem perceber de arte sacra”.
António da Silva Lima também desenha as peças e depois encomenda a sua execução em talha a outras casas. De lá vêm para a oficina da Casa Arte Sacra para “aparelhar, depois é montada no local e fazemos os acabamentos”.
Com outro trabalho entre mãos para a Igreja de S. Miguel de Vizela, António Lima confessa a sua paixão: “gosto de pintar uma imagem que dê muito trabalho”.
É o caso da imagem que “mais nome dá a esta casa, a de S. Torcato, porque só a renda dá para uma semana de trabalho de pintura”.
O seu gosto pela pintura deves-se também “à variedade de cada imagem e isso não cansa” mas também lhe dão gozo os “estofados”, estilo de pintura usado no século XVIII, porque é uma pintura diferente, pois a peça é doirada primeiro e depois ppinta-se sobre o ouro”.
Quanto à formação de novos artistas, um pouco descuidada por algumas empresas, para perpetuar esta arte tão forte em Braga, António Lima reconhece a dificuldade desta aposta por parte das empresas: “tenho investido muito tempo a ensinar porque para fazer um artista tem de se gastar muito tempo e muitas vzes refazer o que ele fez. Os mais novos querem um emprego, não querem ter muito trabalho nem se sujeitam a ser corrigidos. A juventude, hoje, não está para isso e prefere empregos mais banais que este da arte sacra”.
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2 comments:
eu tinha vergonha de dizer tudo que este senhor diz... quando diz que há muita gente a fazer asneiras na arte,antonio lima foi capaz de falsiar uma obra de grande custo,quando dourou um altar com ouro falso quando o combinado era dourar com ouro fino... isto sim!! é um atentado... isto sim,é obra de artista!!!!
Excellent article. People should read this.
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