Thursday, February 28, 2008

Guimarães de Sá: Autodidacta mestre da leitura infantil


Foi (dia13/02) a sepultar um homem bom nascido em Braga que dedicou grande parte da vida às crianças e aos idosos, embora de forma diferente. Às primeiras incentivou a ler e aos segundos manifesto disponibilidade solidária.

Estamos a falar de um autodidacta, cujas habilitações literárias se resumiam à Instrução Primária), nascido em S. Vitor, em 1928.

Depois de oitenta anos a viver entre nós, Domingos Guimarães de Sá dirigiu desde 1965 a Secção Infantil e Juvenil da Biblioteca Pública de Braga onde criou em 1967 o pioneiríssimo Programa de Leitura Infantil e Juvenil.

O sucesso deste programa foi tal que, em 1971, foi incumbido pela Secretaria de Estado da Juventude e Desportos para estudar a possibilidade de extensão do mesmo programa a outras Bibliotecas públicas e municipais.

Este homem com apenas a instrução primaria viu o seu programa aprovado em 1972 e posto em prática nos anos de 1973, 1974 e 1979, nas Bibliotecas Públicas de Aveiro, Gaia e Famalicão.

Mas a sua acção em prol da leitura infantil prosseguiu com a resposta a um pedido da Embaixada de Portugal em Caracas, para elaborar um Catálogo de Literatura Infantil de Autores Portugueses.

Em 1972, com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, criou a Biblioteca Infantil e Juvenil, no Patronato de Nossa Senhora da Torre, em Braga. A sua cruzada pela leitura a partir da infância estava imparável em vários organismos regionais, acompanhada de palestras e artigos em jornais e revistas, culminando em 1979 com a criação, na Biblioteca Pública de Braga, da Sala de Leitura para crianças e jovens.

Além dos seus catálogos de Literatura Infantil, com duas edições, Guimarães de Sá deixou-nos outros livros sobre a literatura infantil, a promoção do livro e incentivo à leitura, entre os quais destacamos a sua última obra “À Demanda do Leitor”, publicada há 14 anos.

Reformado destas funções públicas, Guimarães de Sá dedicou os seus dias e as suas energias a várias instituições de solidariedade social de Braga.

Com a sua morte, Braga perde um dos combatentes da leitura, cuja luta apaixonada ao longo da vida possui hoje uma actualidade desconcertante.

Desalinhado de sistemas e de grupos dominantes na política e na cultura, o nome deste bracarense merece ser perpetuado por aqueles a quem foi confiado o Governo da cidade que ele fez pioneira da leitura e do livro infantis por sua iniciativa e dedicação.

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