Palavras sobre bracarenses que fazem, porque há gente fantástica, não há? Há, a começar por ti.
Thursday, February 28, 2008
Ferreiros: nova igreja pode avançar
“Se quiséssemos fazer só a Igreja, já podíamos começar as obras, mas aguardamos a aprovação do projecto habitacional envolvente” – revela o padre Marcelino Paulo Ferreira.
O padre Marcelino Ferreira falava ao Correio do Minho durante uma conversa na qual participou o padre Miguel Simões, que forma a dupla de jovens sacerdotes a quem foi confiada desde 2001 a paróquia de Ferreiros.
Chegados em Setembro daquele ano, os dois jovens sacerdotes, cuja primeira experiência paroquial tinha sido em Barcelos (Padre Miguel) e na Aveleda (padre Marcelino) encontraram uma paróquia com vários movimentos de apostolado juvenil, catequese organizada e quatro grupos corais, mas sem confrarias desactivadas há muito e sem festa da padroeira da Freguesia.
Os mais velhos dizem que esta festa da Padroeira (Santa Maria ou Senhora do Ó) apenas se realizou uma vez, no tempo do falecido padre Francisco Marques, a quem a paróquia ergueu um busto à face da rua com o seu nome. A única Confraria – a de S. Brás e da Senhora da Misericórdia – está limitada a uma equipa que se responsabiliza por recolher os donativos que são integrados nas contas da paróquia e zela pela Capela.
Entretanto, em 2002, surgiu outra comissão que recuperou a Festa da Misericórdia, em Setembro. Esta festa vai-se tornando a Festa da Paróquia, fazendo com que a Procissão saia da Igreja Paroquial e termine na Capela da Senhora da Misericórdia, de “forma a criar união e comunhão entre todos, percorrendo outros lugares importantes como Gandra e Ventosa.
GANDRA
NOVA CENTRALIDADE
O lugar da Gandra é o centro geográfico da paróquia e vai ser ainda mais quando aí se construir a nova Igreja, em terrenos finalmente libertados junto ao viaduto da variante Circular Norte e nó de acesso à auto-estrada para Esposende, bem perto da abandonada capela de S. Nicolau.
A ideia de construir a nova Igreja ganhou corpo em 2003, com o lançamento de um concurso de projectos cujo vencedor (equipa do arquitecto António Fontes) foi conhecido no ano seguinte. No ano 2002, os padres Marcelino e Miguel lançaram um inquérito aos paroquianos para saber se ampliavam a actual Igreja ou construíam uma nova e a maioria pronunciou-se pela construção de um novo templo.
Decorre agora o processo burocrático porque a construção da nova Igreja está integrada num projecto de urbanização já aprovado e cujo programa de habitações está em fase de aprovação.
TEMPLO EM FORMA
DE ANFITEATRO
A urbanização envolvente vai financiar a construção da Igreja e complexo paroquial, mas já existe disponibilidade financeira para lançar a construção do templo.
A futura Igreja de Ferreiros terá capacidade para 400 lugares e tem uma configuração de anfiteatro, com altar ao centro e as pessoas em sua volta.
Além da Igreja propriamente dita, este empreendimento possuirá salas para todas as actividades pastorais (catequese, jovens e outros movimentos), capela mortuária, uma capela para celebrações mais pequenas, espaço de convívio e parque de estacionamento subterrâneo.
O templo será construído num terreno doado pelo Padre Francisco Marques. Ele próprio deu os primeiros passos para a concretização deste sonho maior dos ferreirenses, mas esteve parado na década de oitenta devido ao espaço canal necessário para a passagem da Variante Circular à cidade de Braga.
Entretanto, como o processo da Igreja estava parado, o padre Manuel Graça foi avançando com o Centro Social, uma vez que o CAD (Centro de Apoio a Dependentes) se tornava insuficiente para as necessidades.
Agora, cabe aos novos párocos angariar mais de 2,5 milhões de euros e ultrapassar as dificuldades criadas com a passagem da Circular, porque o terreno “perdeu capacidade construtiva e tivemos de reduzir o número de habitações”, pelo que se torna agora mais difícil reunir o dinheiro que é necessário.
Por isso, desde 2001, os paroquianos de Ferreiros vêm contribuindo, todos os segundos domingos de cada mês, com os donativos que são destinados ao novo Templo, reforçados com receitas oriundas de outras actividades como jantares, noites do fado, etc.
Entretanto, na actual Igreja, algumas obras de conservação não podiam esperar e os actuais párocos deitaram mão à obra para restaurar e manter, com melhorias nas paredes e telhado.
Na Capela da Misericórdia, foi feito um restauro exterior completo, foi criada uma sacristia que não tinha e um espaço para arrumos, enquanto os arranjos exteriores aguardam luz verde da Junta de Freguesia de Ferreiros.
Com a entrega de novas paróquias (Vilaça e Sequeira), os movimentos e equipas existentes foram enriquecidos com uma dimensão inter-paroquial e foi-lhes acrescentada – por força do Plano Pastoral diocesano – uma equipa de pastoral familiar.
“Este intercâmbio inter-paroquial favorece a acção entre as pessoas e tem sido muito útil, mantendo a autonomia e capacidade para o fazer em cada freguesia”, confessa o Padre Marcelino.
Em termos de movimentos pastorais, Ferreiros possui quatro grupos corais (embora dois sejam um só mas repartem-se em dois para animar as duas missas na Igreja Paroquial), um forte agrupamento do CNE, Grupo de Jovens Despertar e Pastoral Familiar.
FORTE COMPONENTE SOCIAL
Do padre Manuel Graça herdaram uma componente de acção social muito forte, com o CAD (Centro de Apoio a Dependentes) que foi a sementeira para o Centro Social da Paróquia de Ferreiros, na Quintela.
O CAD, com capacidade protocolada com a Segurança Social para treze pessoas, está a transformar-se em Lar de Idosos. Até agora, os idosos dependentes apenas podiam estar ali três meses – dado o seu regime temporário que deixou de ter o prometido apoio multidisciplinar nunca concretizado pelo Estado. O objectivo inicial era funcionar como uma Unidade de Cuidados Continuados, mas os serviços governamentais começaram a cortar os apoios ao médico, depois à enfermagem e a Paróquia foi obrigada a “transformar o CAD em Lar de Idosos” – refere o padre Miguel Simões.
De facto, aquela situação não era a melhor. Por um lado, o estado não comparticipava os serviços protocolados e depois o carácter temporário era difícil de cumprir porque “alguns idosos eram ali deixados pelas famílias que não os vinham buscar, criando situações de desigualdade para com os que estavam em lista de espera e nós não os podíamos pôr na rua ou abandoná-los”.
O CAD, além dos treze lugares para Lar, possui a valência de apoio domiciliário para 25 pessoas onde todo o serviço é prestado, excepto a companhia que só pode ser concretizado se, em breve, se realizar um “projecto de voluntariado de companhia e desempenho de pequenas tarefas domésticas, etc.”, admite o padre Miguel Simões. Para já, vai oferecendo também a valência de centro de dia para dez pessoas.
CENTRO SOCIAL
AMPLIA RESPOSTAS
No Centro Social da Paróquia de Ferreiros (que inclui o CAD), além do apoio à infância (creche, jardim de infância, ATL), possui também um lar de idosos com capacidade para 13 pessoas.
O terreno e o edifício são propriedade da Comissão da Fábrica da Igreja que “ainda hoje lá continua a investir” para dar melhores condições à centena e meia de crianças que frequentam o Centro Social e aos idosos.
Esta vertente social da paróquia começou numa sala de catequese mas depressa o espaço se revelou insuficiente e a paróquia vendeu a residência. Com essa verba comprou a casa junto à Igreja, onde morava o antigo caseiro da Quinta dos Apóstolos. Como na residência paroquial já havia serviços de apoio domiciliário, no imóvel junto à Igreja, criou-se o CAD e alojou-se o serviço de apoio domiciliário.
A acção social da paróquia de Ferreiros vai alargar-se porque, adianta o padre Miguel Simões, vai ser construído “um lar novo, no terreno ao lado, já reservado em 2002, para poder concentrar e ampliar a capacidade de resposta aos seniores. Faz falta”.
No que se refere ao acompanhamento das situações de pobreza, este apoio é ocasional e visa “responder a pedidos esporádicos de algumas famílias que não podem pagar a água, ou luz ou escola dos filhos”.
Por isso, espera o padre Miguel Simões que “o Banco de voluntariado do CAD, em lançamento, pode dar origem a uma equipa mais consistente para esses apoios bem como as visitas aos doentes.
CAPELA DE S. NICOLAU:
UMA TÉNUE ESPERANÇA
Uma situação dolorosa – sem que a paróquia tenha qualquer responsabilidade, como pode ver nas fotos – é a que se vive em torno do que resta da capela de S. Nicolau mas parece estar a ver-se alguma luz ao fundo do túnel.
Trata-se de uma situação de degradação recente, em que o recheio da Capela foi delapidado, tendo ficado apenas as paredes deste templo que servia de apoio aos proprietários de uma quinta outrora brasonada que ali existia e foi anulada pelo avanço das construções.
“O que havia ali de valor desapareceu tudo” – lamenta o padre Marcelino Ferreira, citando os paroquianos mais antigos que ainda se lembram de ir lá à Missa, há cerca de 70 anos, quando a Igreja paroquial estava em obras, após a implantação da República.
Há alguns anos, um pedido do Corpo Nacional de Escutas, através do Agrupamento de Ferreiros, à Irmandade de Santa Cruz, proprietária daquela ermida, mereceu resposta negativa. Entretanto, surgiu um pedido da Diocese para que se restaurasse o templo e desse algum uso, o que pode vir a acontecer no futuro se os Escuteiros ainda estiverem capazes de aceitar esta tarefa. Isso poderá ser despoletado quando a nova Igreja for construída do outro lado do viaduto.
DO LAUSPERENE AO CONVÍVIO PAROQUIAL
Para além das iniciativas normais, a paróquia de Ferreiros tem alguns dias especiais, como é o do Convívio da Paróquia, através de um passeio aglutinador de todos os paroquianos, ou o do Lausperene que se celebra hoje e amanhã.
Este ano, mantém-se a ideia embora o objectivo seja “menos passeio e mais convívio”, através de uma viagem a um local mais próximo que liberte tempo de viagem para que as pessoas se encontrem falem e para que possa envolver toda a comunidade, com os seus movimentos juvenis, a catequese e outras forças vivas.
Este ano, o convívio está marcado para o último Domingo de Junho, porque no mês seguinte já há muitos paroquianos em férias, assinalando também o encerramento da catequese.
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