Wednesday, December 3, 2008

S. Geraldo: 900 anos após a sua morte (fim)



Amanhã, dia 5 de Dezembro de 2008, precisamente, cumprem-se 900 anos da morte do grande Arcebispo e padroeiro de Braga, S. Geraldo, a quem se deve o resgate da primazia sobre Compostela e Toledo (no Concílio de Palência, em Dezembro de 1100).

Mais uma vez o altar da capela com o seu nome vai recuperar a antiga tradição de ser ornamentado com fruta — que há décadas atrás era oferecida pelas vendedoras de fruta do mercado municipal.

Os fiéis recorrem a ele para se protegerem as cefaleias, asma, chagas, tumores e paralisia dos membros e males que afectam a cabeça. Braga passa por esta data como "a raposa pela ramada vindimada", indiferente como sempre, ingrata como é desde há algumas décadas ou como sempre foi?

Diogo Geraldo, assim se chamava, assumiu a Diocese de Braga após a obscura destituição de Dom Pedro e cinco anos de sede vacante. Encontrou a cidade “ainda em grande ruína e os serviços eclesiásticos um pouco anarquizados

Desorganizada a administração eclesiástica após a conquista muçulmana de 711, a diocese de Braga só volta a ser restaurada em 1070, por acção do Bispo D. Pedro (cujo episcopado está bem retratado no cartulário “Liber Fidei”), antecessor de S. Geraldo, que professara na abadia de Moissac e vivia em Toledo.

Chega a Braga, após escolha de D. Afonso e do Conde D. Henrique, a 26 de Abril de 1096, iniciando de imediato a reestruturação da Escola da Catedral que D. Pedro havia fundado, sem esquecer as obras na Sé iniciadas pelo antecessor.

A recuperação dos bens usurpados a Braga durante o exílio dos bispos bracarenses em Lugo (entre 710 e 1170), a reforma da Liturgia romana e um Sínodo para disciplinar os costumes e os clérigos foram outras acções estratégicas que marcaram o seu episcopado.

Sempre perto das populações, iniciou um plano de visitas às paróquias mesmo a smais recônditas, como aquela onde morreu, nos contrafortes das serra de Bornes.
Teve ainda tempo para ir a Roma duas vezes reivindicar a primazia de Braga sobre Astorga, Lugo, Mondonhedo, Orense, Tui, Porto, Coimbra, Lamego e Viseu.

S. Geraldo está sepultado na capela com o seu nome, na Sé, devidamente restaurada há oito anos. Nesta capela são visíveis sete quadros com pinturas que retratam os momentos essenciais da sua vida.

Diogo Geraldo, assim se chamava, assumiu a Diocese de Braga após a obscura destituição de Dom Pedro e cinco anos de sede vacante. Foi durante o seu episcopado que aconteceu o pio latrocínio protagonizado pelo bispo de Compostela, Diego Gelmirez.

S. Geraldo recebeu Gelmirez no próprio Paço, este pela calada da noite levou para Compostela as relíquias de S. Vítor, S. Frutuoso, Santa Susana, S. Silvestre e S. Cucufate, retiradas de várias igrejas de Braga.
Esta acção do grande arcebispo faz com que desapareçam de Braga os surtos heréticos ou tentativas heterodoxas de afirmação da fé cristã.

Com o virar do novo milénio surge uma nova ordem — a feudalidade associada a uma imensa expectativa do milenarismo: o fim do mundo.

Só no século XII vamos assistir a novo surto de heterodoxia: passados os medos do milénio e com a transformação da sociedade rural em sociedade urbana. O predomínio rural cedeu lugar à troca de produtos, ao comércio e à primazia doo lucro.

O clero começou a ser criticado pela sua opulência e os fiéis empobrecidos reivindicam o direito de pregar a palavra de Deus, originando movimentos de espiritualidade for a da hierarquia como são exemplos os valdenses, os cátaros e os cultos dualistas.

Os abusos dos comerciantes e do clero levam as populações a ressuscitar antigos cultos, através de superstições. Baqueavam as conquistas resultantes do grande esforço desenvolvido por S. Martinho de Dume que procurou extirpar através da pregação, da destruição dos templos e ídolos pagãos.

De facto, algumas superstições que ressurgem nos séculos XII e XIII remetem para formas de culto cujas origens se perdem no tempo, como é o caso das missas realizadas for a dos templos, nos montes, campos e outros “lugares desonestos” — como descreve o “Tratado da confissom”, de Martim Perez, quando alude “às mulheres que saem de noite, andam pelos ares e pelas terras, que entram nos buracos e comem e sugam as criaturas” (espécie de bruxas arraçadas de vampiras).

As recomendações dos Sínodos de Braga e não só para que a eucaristia e os santos óleos fiquem bem fechados e para que a pia baptismal seja devidamente guardada revelam o medo que o seu uso fosse desviado para fins menos cristãos.
O Sínodo de Braga de 1281 condenava os clérigos e leigos que consultassem agoureiros e feiticeiros e praticassem estas magias.

No comments: