Os bracarenses merecem melhor (1)

O presidente da Câmara Municipal de Braga negou ter qualquer "interesse particular" no processo de loteamento da Quinta da Madre de Deus, que deu origem a um litígio judicial entre um organismo da Igreja e quatro promotoras imobiliárias.

O autarca foi mais longe ao desafiar as partes envolvidas a fazer prova pública concludente do cruzamento de interesses particulares do Presidente da Câmara Municipal neste processo. Acontece que o livro de actas do Colégio dos órfãos de S. Caetano, do ano 2002, responde a este desafio do autarca.

A posição do autarca segue-se à decisão da Vara Mista do Tribunal Cível de Braga de julgar improcedente a acção interposta pelo Colégio de São Caetano contra quatro imobiliárias da cidade.

Durante o processo, no Tribunal, algumas testemunhas que referiram que o autarca terá dado garantias de loteamento para os terrenos da Quinta da Naia, isto antes de o PDM ser revisto, processo que só agora começou.

Durante as audiências, foi apalavrada uma eventual permuta de terrenos dos Órfãos de S. Caetano com uma quinta da mulher do autarca, em Vila Verde, facto que este vem, agora, negar.

Independentemente do aproveitamento político da Oposição, fundamentado em perguntas legítimas, não basta a Mesquita Machado desafiar os opositores a apresentarem prova pública do cruzamento de interesses particulares do Presidente da Câmara Municipal neste processo.

A posição mais correcta e eficaz — porque é de eficácia de uma mensagem política que estamos a falar — é a que os bracarenses merecem. Ou seja, cabe ao presidente da Câmara Municipal provar por A mais B que as perguntas feitas pelo PSD e pelo Bloco de Esquerda são completa e rigorosamente absurdas.

Depois do assunto ter passado para as mãos da posição, é dever do presidente da Câmara Municipal conduzir o jogo da verdade porque é o único caminho para dissipar eficazmente a suspeita lançada sobre si.

É tempo de acabar de uma vez por todas com as dúvidas que envolvem sempre os mesmos: autarcas e empresários de construção civil. É tempo de acabar com esta imagem nacional que parece reduzir Braga a políticos, Igreja e construtores

Braga é muito mais que este espectáculo redutor; Braga não tem apenas políticos e empreiteiros e há muitos autarcas e muitos construtores que não merecem ser confundidos neste lamaçal da suspeição. Braga é muito mais e melhor que um sítio mal frequentado em que a querem transformar

E querem que diga mais alguma coisa: não havia necessidade, nem de uns nem de outros, especialmente nesta altura do campeonato.