Thursday, June 26, 2008

Susto no S. João de Braga em 1945


Foi no ano de 1945 que um acidente com o fogo de S. João marcou as festividades de Braga. O edifício onde agora funciona a Padaria Primorosa, na Senhora-a-Branca, foi consumido pelas chamas causadas pela explosão em poucos minutos.

Fomos recordar estes factos juntamente com Joaquim Santos, o actual proprietário e fundador da Padaria Primorosa, um moderno estabelecimento de panificação, devidamente certificado e que acaba de abrir as ampliadas instalações totalmente renovadas.

Quando Joaquim Santos chegou a Braga, depois de ter saído do Soajo para Angola, onde esteve até 1961, e daqui para o Montijo, onde esteve pouco mais de um ano, encontrou este edifício com boa localização “porque está no centro da cidade” mas ligado às festas de S. João. Em décadas passadas, o fogo de S. João era “quei-mado” na Avenida Central, na zona entre a Senhora a Branca e o actual monumento ao Papa João Paulo II.

Por negligência da empresa que nesse ano forneceu o fogo para as festas de S. João, os foguetes e mortei-ros foram guardados na casa que actualmente é ocupada pela Padaria Primorosa, criada em finais de 1963 por Joaquim Santos e irmão António.

O Correio do Minho de 26 de Junho de 1945, na primeira página, alude ao “entusiasmo indisível” e “maior brilhantismo” com que decorreram as festas do S. João e sustenta que “milhares e milhares de forasteiros — vindos de toda a província e dos concelhos mais afastados — deram a Braga um movimento de grande metrópole”.

UMA EXPLOSÃO QUE PODIA TER SIDO GRAVE

“Ontem, pelas quatro horas da tarde, a cidade foi percorrida de ponta a ponta por uma notícia que chegou a causar arrepios” — começa assim a notícia do jornal Correio do Minho, enquanto o Diário do Minho, no mesmo dia e também na primeira página que “a explosão de parte do material pirotécnico destinado ao festival de ontem provoca incêndio que destruiu em poucos minutos um prédio do Largo da Senhora-a-Branca”.

O jornal Correio do Minho prossegue a sua narração: “declarou-se um incêndio num dos prédios, o n.º 124 do Largo da Senhora a Branca, junto do qual ficava o armazém de recolha do fogo de S. João.
Espalharam-se logo as versões mais diversas sobre as consequências do sinistro — com perdas de vidas e muitos feridos.
Felizmente, apenas se verificaram leves ferimentos e queimaduras, sendo os atingidos rapidamente socorridos e depressa voltaram as suas casas.



Naquele Largo juntou-se grande multidão de curiosos que assistiam aos trabalhos de ataque ao incêndio, superiormente dirigido pelo cap. Lameiras e em que colaboraram as corporações de Voluntários e dos Bombeiros Municipais.

O serviço de Polícia — que foi eficientíssimo — era dirigido pelo cap. Branco e coadjuvado pelo Chefe Ma-galhães.
O jornal procura depois deslindar as causas do incêndio: “costuma o fogo ser arrecadado num barracão pertencente a Manuel Joa-quim Pereira, padeiro, morador no prédio n.º 124, ao Largo da Senhora-a-Branca. Para ali levou também o seu fogo a Sra Carolina Rosa Martins. Todo o material às costas de carregadores, tinha apanhado o calor da tarde.

Ali chegado, foi guardado sobre palha. Presume-se então que o excesso de calor tenha originado o fogo.
(...) A explosão foi ouvida a alguns quilómetros de distância. Os locatários dos prédios vizinhos aperceberam-se logo da enorme tragédia. Houve pânico e todos procuraram por a salvo os seus haveres quando o fogo se anunciou verdadeiramente ameaçador.”.

Depois do rescaldo e combate ao fogo, durante duas horas, o saldo do incêndio cifrou-se em ferimentos , sem gravidade em três bombeiros.

As festas voltaram à normalidade — sublinham os dois jornais bracarenses.

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