Cabeceiras de Basto, o Minho e a Igreja Católica perderam um dos maiores compositores de música sacra do nosso tempo, mais apreciado fora de Portugal que entre nós.
Aos 72 anos, o coração baqueou e o padre Joaquim Santos desceu, ontem, à terra em Cavez, a sua terra de sempre.
Autor de uma vasta obra musical aclamada sobretudo em Itália onde cada concerto era editado em disco e só mais recentemente em Portugal, Joaquim Santos nasceu na freguesia de Riodouro, em 13 de Abril de 1936.
Numa duas suas últimas entrevistas, Joaquim Santos definia-se como um compositor da palavra. Para ele, “a música tem que sair da palavra, da sílaba, do acento. O texto tem ideias que a gente pode traduzir em música”.
Estimulado por um dos grandes mestres, Manuel Faria, Joaquim dos Santos Licenciou-se em Roma em Canto Gregoriano e Composição, tendo dedicado toda a sua vida à música sacra e também à música profana mas afirmava que a música sacra se não for música também não chega a ser sacra.
As suas obras bem conhecidas de públicos italiano, alemão ou mesmo latino-americano, desde obras para piano, órgão, violino, orquestra ou mesmo fados já cantados em países como Marrocos ou Suécia.
Apesar da discrição a que se remeteu, ao viver com os pais em Cavez, desde a década de oitenta, a sua produção é abundante e variada, não esquecendo a música popular, através de composições para bandas filarmónicas e de harmonizações para os grupos corais e sinfónicos.
Com a sua descida à terra, a Igreja do Minho e Cabeceiras de Basto perdem um homem simples e um compositor genial que muito honrou e honrará estas gentes.
A sua morte constitui um desafio aos vivos que, em Braga e no Minho, não lhe reconheceram o valor que ele granjeou um pouco por toda a Europa com o seu maravilhoso talento que dignificou a arte dos sons.
De facto, ele foi um santo que “não fez milagres... na sua terra”.
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