Thursday, June 26, 2008

Os bracarenses merecem melhor (2)



A credibilidade e o rigor são duas características que devem nortear as actividades nobres, como é o caso da política, que deve estar ao serviço dos interesses superiores da cidadania.

São duas características que se exigem, em primeiro lugar, por razões de pedagogia dos eleitores para o exercício da democracia, assente na liberdade e na verdade.

Nas últimas semanas, a Oposição à maioria socialista no município de Braga esqueceu-se de ser rigorosa e colocou no alçapão dos seus valores (que exige aos outros) a credibilidade necessária para se afirmar como um alternativa.

Quando se esquece destas duas características na sua actividade, a Oposição não contribui para a melhoria da democracia em Braga e torna-se mais do que já existe. Assim, com que seriedade e rigor se podem entender a apresentação de uma moção de censura ao presidente da Câmara Municipal de Braga que se anuncia para amanhã?

Espera-se que a moção não seja subscrita por membros que suspenderam o mandato. É que a falta de rigor esteve bem patente quando o PSD/CDS apresentou, para discussão na Câmara Municipal, uma proposta subscrita por dois vereadores cujo mandato estava suspenso.

A proposta relativa às cidades criativas — além de ser um decalque numa iniciativa de terceiros que revela manifesta falta de originalidade — chega muito tarde, chega no fim do concurso promovido pela Universidade de Aveiro a que o Correio do Minho e a rádio de Braga Antena Minho se associaram desde a primeira hora, como parceiros.

Para quem exige rigor ao poder instalado, bem como transparência de procedimentos, não fica bem apresentar uma proposta sem qualquer originalidade e requentada: revela alguma desatenção face ao que se passa fora da coligação e dentro, ao ser subscrita por dois vereadores que não são, uma vez que tem o mandato suspenso.

Tivesse sido a maioria socialista a cometer um lapso destes, teríamos “fala, fala” para duas ou três conferências de imprensa na blogosfera, pelo menos.

Depois temos a falta de credibilidade manifestada duas vezes no espaço de duas semanas: no primeiro caso, nem uma palavra sobre a decisão da Procuradoria da República que não encontrou um ilícito legal (para amostra) na parceria público-privada para os equipamentos de desporto e lazer.

Ficava bem ao líder da Oposição, que tantas suspeitas içou e tantas acusações fez aos socialistas, admitir que tudo o que disse não tinha qualquer fundamento na Lei. Estamos fartos de pessoas que não tem dúvidas e raramente se enganam. Uma leitura dos jornais da altura, ajudava a tomar uma decisão contrária ao silêncio que incomoda quem porventura sonhe com uma alternativa com qualidade.

No segundo caso, o estudo de quatro professores da Universidade do Minho a elogiar a saúde financeira da Câmara Municipal que coloca Braga no ‘top five’ nacional no que se refere aos pagamentos a fornecedores e à capacidade de endividamento, alem de outras características que dignificam uma boa gestão pública.

Sobre este estudo da Câmara dos Oficiais de Contas, nem uma palavra se ouviu do rosto da Oposição. É a tradução requintada de uma proposta política alternativa de quanto pior melhor.

Os bracarenses merecem melhor, a começar pela credibilidade que escasseia e pela falta de rigor que se exibe. Para pior já basta assim, não precisamos de mais.

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