Palavras sobre bracarenses que fazem, porque há gente fantástica, não há? Há, a começar por ti.
Saturday, April 12, 2008
Braga: da cidade para Aveleda
Depois de Adaúfe — onde há pessoas fantásticas, não há? — prosseguimos o nosso passeio por mais uma freguesia situada fora do casco urbano. Hoje vamos até Aveleda.
É a Capela da Senhora de Mazagã ou do Parto ou do Ó. Seja qual for a invocação que o povo lhe faz, estamos perante o ex-libris da freguesia de Aveleda.
A Capela foi edificada em 1756 sob orientação do entalhador bracarense Marceliano Araújo, sendo lhe atribuída também a execução de alguns elementos decorativos tipicamente beneditinos, como as imagens da frontaria, em dois grupos, sobre peanhas, que representam o Encontro de Nossa Senhora com sua Mãe. Trata-se de um motivo escultórico que se repete no retábulo da capela Mor.
As imagens do Interior da Igreja eram emprestadas para o Calvário de S. João do Souto, junto à Capela dos Coimbras, durante a semana Santa, na cidade de Braga. Este elemento decorativo devia justificar o seu nome: Capela da Senhora do Encontro e evitar outras designações que indevidamente lhe foram dadas ao longo dos tempos.
Quando à designação de Senhora do Parto deriva da festa que ali se realiza anualmente. Sabe-se que antigamente havia uma romaria das parturientes e agora tem lá uma imagem.
É curioso verificar que Santa Maria é o patrono de Aveleda, mas a imagem que pontifica na Igreja paroquial é a da Senhora do Ó ou do Parto. Devia ser lá que se devia fazer esta festa ou romaria das parturientes.
A capela possui um belíssimo retábulo, com um sacrário em estilo Rocaille, com pinturas de rosas em redor da porta. Os dois caixilhos em cada lado do retábulo, atribuídos a André Soares, representam S. Miguel e as Almas. Daí que esta capela também seja designada por Capela das Almas pois em tempos teve ali sede a Confraria dos mesmo nome.
A festa da Senhora do Parto – cuja imagem está na Igreja Paroquial de Aveleda – realiza-se no último Domingo de Setembro.
O árabe Marzagão
O Nome Mazagão deriva da palavra árabe Marzagão, nome de uma praça forte no norte de África, e existe noutras localidades – esclarece Adelino Ribeiro, um homem que se tem dedicado à investigação e recolha de dados históricos da sua freguesia.
O seu nome fica a dever-se a alguém muito rico que veio do Norte de África e se instalou ali. Esse indivíduo teria tanto poder que, em 1875, quando o ramal ferroviário de Braga estava a ser construído, obrigou a CP a fazer lá um apeadeiro para possibilitar aos muitos trabalhadores da sua Quinta (onde está situada agora a APECDA e que nos anos quarenta era um grande celeiro) um acesso mais fácil para eles. E
sse indivíduo é o avô da proprietária que vendeu a Quinta à APECDA e foi director do extinto Banco do Minho, além de ser sócio do grande banqueiro famalicense Cupertino Miranda. Não era um indívíduo de sangue real porque a casa não tem armas nem brasão real
Quem construiu a linha foi uma empresa inglesa e os engenheiros tinham dificuldade em pronunciar ‘Marzagão’, escreveram na placa do apeadeiro ‘Mazagão’ e assim continuou este nome.
Situada à saída do perímetro urbano de Braga, tem como padroeira Santa Maria, mas a origem dos seu nome divide os historiadores. Se uns se inclinam para uma origem celta germânica, da palavra “Vellêdas”, outros preferem a palavra latina “avellanas”.
No primeiro caso, a origem do nome do tempo da ocupação dos ‘gallos’ celtas que trouxeram para cá o seu culto, os seus druidas ou sacerdote e as suas “Vellêdas” ou sacerdotisas e estas eram escolhidas entre as donzelas mais famosas, quase sempre filhas de druidas, e faziam voto de castidade por um certo número de anos. No segundo caso, a origem latina do nome deve-se ao facto de Aveleda ter sido um aterra onde abundavam as árvores de avelãs.
Os autarcas e os estudiosos da heráldica parecem ter preferido esta segunda versão, a julgar pela escolha do brasão para a freguesia que inclui um escudo vermelho, com cinco ramos de aveleira, folhados do mesmo e frutados de ouro.
Quer uma origem quer outra para este nome e sobretudo a sua situação entre dois montes, um deles desde há muito tempo chamado de S. Mamede fazem pensar que a povoação desta terra é muito antiga, apesar de o primeiro documento que se refere a Aveleda datar do século XIII.
Aí se referia que Aveleda pertencia ao couto de Braga e mais tarde terá pertencido a Vimieiro. Entre 1320 1 371 aparece integrada no couto de Bastuço, até passar depois para o termo de Braga, mantendo-se assim até aos nossos dias.
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1 comment:
O apeadeiro de Mazagão foi criado em 1912.
Existem fotografias da quinta e do apeadeiro confiados ao Museu da Imagem em Braga.
A "CP" foi criada apenas em 1947 não sendo, portanto, a empresa/entidade responsável pelo serviço ferroviário em 1875 no Ramal de Braga. Antes a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, Direcção Minho e Douro (MD)
Dario Silva, TADIM.
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