Tuesday, April 1, 2008

D. Jorge Ortiga: não aos silêncios cúmplices




Anunciava-se grande expectativa e uma eleição incerta do presidente da Conferência episcopal Portuguesa, mas os bispos portugueses com a sua sabedoria proverbial, resolveram o assunto de uma assentada.

Não chegou a haver caso ou tema de especulação jornalística e D. Jorge Ortiga acabou por suceder a si mesmo, para mais um mandato à frente da Igreja Portuguesa.

O arcebispo Primaz de Braga considera como prioritária a regulamentação da Concordata e promete intensificar
os nossos contactos com o Governo, particularmente na área da regulamentação da Concordata.

Acabou por se registar uma “eleição sem programa nem campanha eleitoral, porque o objectivo é “dar continuidade a um projecto que já tinha assumido”, apostando no “trabalho na iniciação cristã” e procurando que “as dioceses trabalhem em sintonia”.

É uma dupla vitória da Igreja Bracarense que se deve também ao perfil humano e moderado de D. Jorge, dado que na segunda votação, dos 29 bispos eleitores, 16 votaram em D. Jorge Ortiga, enquanto o cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, foi o segundo mais votado.

O vice-presidente, D. António Marto, ex-bispo auxiliar de Braga, foi eleito à terceira volta. Os bispos portugueses aprovaram uma alteração dos estatutos da CEP, que dá a um padre o cargo de secretário e porta-voz. O escolhido é Manuel Morujão, antigo Provincial dos Jesuítas, a servir na Arquidiocese de Braga.

Cansado do cargo e da exposição mediática, o Arcebispo de Braga acabou por se constituir como a ponte que fez o consenso entre dois blocos liderados por Lisboa e Porto.

A Igreja Portuguesa, os cristãos portugueses esperam, para alem da postura consensual de D. Jorge, uma intervenção mais vincada na defesa da dimensão social do homem crente que espera respostas da Igreja e não silêncios coniventes e comprometedores.

Os portugueses anseiam que a Igreja não se enrede nem desgaste energias a lutar pelos seus direitos na Concordata. Esses direitos apenas são importantes se a Igreja Católica Portuguea (pelo seu presidente e no seu conjunto) não correndo se esquecer dos seus deveres: ser a voz dos (cada vez mais) sem voz.

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