Na juventude, somos atraídos por aquilo que é chamado de interessante; na idade madura, pelo que é bom — é o que apetece dizer da senhora D. Laurinda Tropa, de Darque, Viana do Castelo, que acaba de concluir a sua 27ª peregrinação a Fátima. Em 31 anos.
A septuagenária (72 anos) fez-se à estrada sábado - "pelas quatro da madrugada" - juntamente com mais de meia centena de peregrinos da região alto-minhota.
Nem as bolhas nos pés que a têm atormentado durante a viagem, nem umas "dorzinhas" na barriga de uma perna, a fazem vacilar na sua firme disposição de ir até ao fim porque, também para ela, “a fé move montanha”.
Fazendo jus ao seu apelido, Laurinda assume-se como a verdadeira chefe das "tropas", já que é ela que, com o seu apito, oferecido por um GNR, dá o "toque de alvorada" para o início de nova etapa, normalmente pela uma da madrugada.
É esse mesmo brilhozinho que se repete no olhar de Laurinda Tropa naqueles que considera os dois momentos mais emocionantes de uma ida a Fátima: quando se chega e se avista a capelinha das Aparições e na hora do adeus, com milhares e milhares e lenços brancos a esvoaçar.
O que avó faz, pode ser igual a muitas desenas de mulheres desta país, mas a sua singularidade reside na intenção que a move nestes trinta e um anos de vida: "Não vou a Fátima por promessa. Vou, isso sim, para rezar a Nossa Senhora pelos nossos jovens, para que os abençoe e os ajude a vingar na vida. Hoje, as pessoas parecem que apenas os querem enterrar, em vez de lhe darem a mão e o ânimo para seguirem em frente".
Lindo. Lindíssimo.
Neste Domingo em que a Igreja Católica começa a celebrar a semana da Vida, afirmar que as mulheres, como os sonhos, nunca são como as imaginamos.
Machado de Assis defendia que as Mulheres são como maçãs em árvores. As melhores estão no topo. Os homens não querem alcançar essas boas, porque eles têm medo de cair e se magoar. Preferem pegar as maçãs podres que ficam no chão, que não são boas como as do topo. Mas são fáceis de se conseguir.
Assim as maçãs no topo pensam que algo está errado com elas, quando na verdade, eles estão errados...
A D. Laurinda é uma das maçãs do topo da árvore feminina. Neste dia, 13 de Maio, em que todos os olhares se concentram em Fátima, devemos sentir-nos felizes por ter uma mulher assim tão perto de nós.
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