Saturday, May 12, 2007

Fernando Jorge: 'De divina proportione' no ISAVE




O famoso desenho do Homem – “De divine proportione” – atribuído a Leonardo Da Vinci constitui a ideia a partir da qual o arquitecto Fernando Jorge desenvolveu a concepção e construção do Campus que hoje recebe, pela primeira vez, as comemorações do aniversário do Instituto Superior de Saúde do Alto Ave (ISAVE).
“No dia em que chegamos a este enorme relvado, apeteceu deitarmo-nos de costas, olhar o céu, abrir os braços e as pernas e ficar a contemplar esta maravilha da natureza”. Foi a partir desta ideia que fomos concebendo e desenvolvendo todo o projecto: a cabeça é o auditório, o estômago é a cantina e bar, as pernas são os laboratórios e salas de aulas e os braços são os serviços de apoio” – explica o autor do projecto, que foi acompanhado neste sonho pelo arquitecto Rui Bianchi e pelo eng. Afonso Osório, além de outras parcerias nas especialidades.
“Articulamos as funções de acordo com o corpo humano e o programa desenvolveu o resto da ideia, em que a coluna dorsal é o grande corredor que liga todos os elementos” – prossegue Fernando Jorge que inclui esta obra na chamada “arquitectura híbrida” ou seja, aquela que “transporta para o ambiente as formas, neste caso, o Homem”.
Depois, prossegue, este ambiente “também sugeria paz, recolhimento, num sítio nobre, de modo que o edifício encaixa-se muito bem porque respeita o meio ambiente”.
A integração, explica, “não tem a ver com a cércea ou volume, mas também com outros elementos” e. Na lógica da integração, o edifício está perfeitamente enquadrado, embora seja um volume demasiado agressivo para o sítio”.
Fernando Jorge acredita que embora seja “uma peça extensa ela se espraia pelo terreno, como o homem deitado” de “De divina Proportione” porque respeita os sítios e a atitude é pensada para este local”.
No desenvolvimento desta ideia “tentamos não danificar qualquer peça da envolvente, desde árvores a edifícios existentes. Não se tocou nos edifícios existentes, mesmo o campo verde. Isto era um talude, pouco aproveitado. O ênfase da verdura continua e tem maior ênfase que o campo que não era sequer cultivado”.
Passando em revista as fases desta obra gigantesca, erguida em apenas nove meses, o arquitecto Fernando Jorge sustenta que “o mais interessante de tudo é que temos um edifício que vem dar muita vida a Geraz e, por isso, agora, o meu receio reside no que se fizer á volta e que possa não ser devidamente pensado, mas essa é agora uma competência da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso”.
Quanto à clínica geriátrica, “é desenvolvida em função dos edifícios que existem ara descaracterizar o ambiente”.
Quanto aos materiais, Fernando Jorge refere que, para além da estrutura em betão, com lajes cortantes, foram escolhidos num contexto de modernidade, como pladur, cappotto, alumínios e vidros, sempre capazes de resolver questões construtivas mas adaptadas às funções de escola, que possibilitem melhor limpeza e adaptação. “Só assim se conseguiu fazer em nove meses, porque as obras arrancaram em Agosto. Dois meses e meio depois colocamos os alunos nas salas de aula e pode-se dizer que foi um milagre de coordenação e metodologia da obra, com timings sempre ponderados, de modo a permitir a evolução sectorizada da obra. Foi uma verdadeira apologia às componentes do homem – ideia inicial – com autonomia construtiva”, tendo a cabeça ficado para o fim.
Para Fernando Jorge, em termos pessoais, esta obra “foi um desafio totalmente diferente, que chegou a bom porto. Sabe, o arquitecto não tem que pôr dificuldades nos objectivos propostos, tem de investigar, conversar e a obra vai surgindo”.
Neste caso, “foi um processo discutido com o dono da obra, com os técnicos das outras áreas e eu fui o coordenador geral dessas vontades, o que permitiu absorver as partes componentes para que não houvesse falhas”.
Foi “uma obra importante no meu curriculum? É como as outras. É diferente e é enriquecedora” - confessa o arquitecto Fernando Jorge.
Quanto à caracterização do edifício, as cores e os materiais de integração, Fernando Jorge sustenta que os “conceitos estão agarrados à sensibilidade de cada um dos técnicos. O todo é que faz o conceito definitivo de cada obra, tendo em conta os espaços, a funcionalidade e escala. Tudo faz com que defina a minha forma de intervir num espaço”.

SOMOS REALIZADORES DE SONHOS

Interrogado sobre a sua metodologia de trabalho, Fernando Jorge considera essencial “pensar bem as coisas antes de as fazermos. Se as indecisões forem muitas, há derrapagens para o construtor e para o dono. Foi uma experiência enriquecedora. Eu não tenho obras, as obras são das pessoas”.
Depois não se pode menosprezar a “experiência sustentada na multiplicidade e variedade de obras que tenho acompanhado, em consequência de um trabalho que não entendo como mais um trabalho”.
Decerto é por isso que as “pessoas acharam que eu tinha competência” depois de tantas obras como são os casos d o parque hoteleiro do Bom Jesus, no Sameiro, imensas casas e prédios, hotéis, palácios, centros cívicos, sedes de empresas de grande envergadura, um pouco por todo o país.
Sobre a sua marca pessoal – que tanto sucesso (e ciúme) lhe tem granjeado -, Fernando Jorge acha que a sua arquitectura se “define pelo rigor e atitude de seriedade e lealdade face aos meus clientes. O meu objectivo no contacto inicial com o cliente não é fazer a obra, mas resolver um problema. Nós somos realizadores de sonhos”.
Falando ainda de si, o arq. Fernando Jorge confessa que sempre deu resposta “às questões que me colocaram ao longo do tempo. É uma questão de escala. Acharam que eu tinha conhecimento e experiência para resolver este problema e resolvi. Cumpri o meu papel de fazedor de sonhos e até hoje não tenho nenhum cliente que tenha ficado chateado comigo. Respeito-os totalmente”.
Como é que consegue isso? - “é muito fácil. Não quero fazer a obra ideal para a revista ideal. As obras são o meu melhor cartão de visitas, mas não são minhas, a partir do momento em que o meu trabalho e pago”.
Quanto à clínica que agora vai complementar o campus do ISAVE, Fernando Jorge revela que o projecto já foi aprovado pela RAN e agora vai ser apreciado pela Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso. Mais “três ou quatro meses, o projecto está pronto para iniciar as obras”.
Há uma parte que funciona como hotel geriátrico integrado numa clínica vocacionada para a investigação da oncologia e neurologia, em que o doente além do tratamento possui espaços de lazer, com piscina, hidrologia, fisioterapia e outras valências.
Com cerca de 70 obras em curso, Fernando Jorge não destaca nenhuma: “todas são importantes e todas são diferentes”.

1 comment:

Anonymous said...

o gajo é mesmo bom...
parabens.