Um paraplégico vianense prometeu ir de cadeira de rodas até Bruxelas, numa viagem de 2300 quilómetros, para protestar contra a decisão da Segurança Social de lhe retirar o complemento por dependência.
É um exemplo perfeito da lei que foi feita para tudo, menos para servir as pessoas. E quando assim é, esta lei é apenas letra morta e mata.
Alguém neste país pode achar justo obrigar um deficiente, com 80 por cento de incapacidade, a sobreviver com 180 euros por mês, por querer escrever e vender livros?
Este vianense ficou paraplégico em 1997, num acidente de trabalho e penou durante dez anos para receber uma pensão de 180 euros, mais tarde seria acrescida de um complemento por dependência, de 97 euros.
Como esta miserável pensão não permite pagar as despesas mensais, em 2006 começou a escrever e editar os seus livros numa gráfica que ele mesmo criou. Para cumprir a lei, inscreve-se nas Finanças como editor para poder passar recibos verdes.
Com toda a atenção e rapidez que se lhe conhece, excepto quando se atrasa a pagar o que deve invocando uma qualquer avaria no sistema informático, a Segurança Social, mal 'descobriu' que estava a trabalhar, tirou os 97 euros.
Como achou que ficava rico, agora a Segurança Social retira-lhe, a partir de Junho, o complemento por dependência.
Legalmente, nada a fazer — justifica-se o director da Segurança Social vianense.
Dirão que a culpa é da burocracia que gera leis cegas e impessoais. Mentira pura, a culpa é desta povo portugês que mantem um estado que olha para as pessoas como um simples número.
Konrad Adenauer, o pai da Alemanha moderna dizia algumas vezes que, na política, o importante não é ter razão, mas dar a razão a alguém.
Este vianense não quer ter razão, mas sim que o Estado entenda a sua situação concreta e lhe dê razão, quanto mais não seja por ser um cidadão de boa fé e cumpridor.
No comments:
Post a Comment