Palavras sobre bracarenses que fazem, porque há gente fantástica, não há? Há, a começar por ti.
Wednesday, May 20, 2009
Franceses em Braga há 200 anos (11)
Por estes dias, há 200 anos, os ingleses organizavam a expulsão dos franceses do Norte de Portugal, sob o comando de Wellesley, a partir de 27 de Abril, com cerca de trinta mil homens, incluindo cerca de cinco mil cavaleiros e trinta bocas de fogo, numa altura em que o groso do exército estava perto de Tomar para impedir a entrada de Soult em Lisboa.
A 5 de Maio, os comandantes ingleses tinham treze mil soldados concentrados em Coimbra, preparando-se para marchar em direcção ao Norte, mais três mil alemães ao serviço dos ingleses, bem como seis mil portugueses e umas trinta peças de fogo. Estava em marcha uma acção de torneamento, por Viseu, Lamego e Régua, de modo a evitar a retirada dos franceses por Trás-os.Montes, onde pontificava o Brigadeiro Silveira, que conhecia como poucos aquelas terras.
É nestes dias que chega a notícia da perda de Amarante e os franceses podiam atravessar do rio Douro, em Entre-os-Rios. Beresford parte de imediato para a Régua e Wellesley para o Porto e no dia 10 acontece o combate de Albergaria, em que os franceses são repelidos, seguindo-se o combate de Grijó, no dia 11, onde os franceses são novamente derrotados, tendo recuado no dia seguinte para a margem Norte do rio Douro. Os franceses atravessam a Ponte das Barcas, que destruíram em seguida com uma explosão que aterrorizou os portuenses. A profundidade do Douro era uma barreira à entrada dos ingleses no Porto, desde a foz até ao desaguar do Tâmega.
Wellesley observa o rio Douro entre a foz e Avintes e verifica que os pontos e vigilância dos franceses eram afastados e frágeis, escolhendo o melhor espaço para o desembarque, mas só havia um barco estacionado na margem sul... Uma operação arriscada de um oficial inglês com ajuda de nativos traduz-se na travessia do rio para levar mais quatro barcos estacionados na margem Norte. Quando os franceses se aperceberam que os ingleses tinham atravessado o rio já era tarde e a tomada da cidade do Porto consumou-se e Soult dá ordem para abandonar a cidade e seguir em direcção a Amarante.
Só depois de reparada a Ponte das Barcas, operação que fez os ingleses perder um dia precioso mas os franceses não estavam em melhores condições: para sul do Douro era impossível sair, para norte a cadeia montanhosa que separa as bacias do Douro e do Ave, sem caminhos acessíveis às viaturas, e a Leste estavam as tropas de Beresford (entradas pela Régua) e de Silveira (a controlar toda a região de Trás-os-Montes.
A Soult restavam duas hipóteses de fuga, a partir de Amarante: ou rompia por Vila Real e Chaves e tinha de enfrentar os homens de Silveira; ou seguia para Guimarães, Braga e Chaves. As outras duas saídas eram impossíveis, pois tinha Wellesley no Porto e não havia estradas para passar a artilharia e viaturas entre Douro e Ave.
Militar de eleição, Soult manda reunir as viaturas e artilharia e manda-as destruir junto à ponte do rio Sousa, com uma enorme explosão. Era um sacrifício doloroso para um militar mas era a única possibilidade de salvar o máximo dos seus homens que reuniu em Pombeiro, entre Guimarães e Felgueiras. Na noite de 13 para 14 de Maio, tudo o que restava do exército de Soult estava em Guimarães.
Beresford ignorava qual a opção de Soult mas decide barrar-lhe o caminho entre Montalegre e Chaves, através dos homens do General Silveira que conhecia melhor o terreno, enquanto Beresford ocupava Chaves. Soult calculava — e bem — que Wellesley ocupava as estradas Porto-Barcelos-Braga e chegaria a Braga primeiro que ele. Sem capacidade para nova batalha — depois da explosão provocada no rio Sousa — Soult abandona a hipótese de vir de Guimarães para Braga e segue directamente para a Póvoa de Lanhoso, preparando-se para sair no sentido inverso ao que seguira na entrada em Portugal.
Neste dia 14 de Maio, as tropas portuguesas e inglesas estavam em Cavês — entre o rio Ave e o Tâmega. É quando Soult protagoniza um golpe de teatro para incutir moral nas suas tropas, entre as Taipas e a Póvoa de Lanhoso, Soult reúne todos os seus vinte mil homens numa zona de terreno em outeiro, dando-lhes a todos a impressão que estavam ainda vivos os 35 mil soldados e cinco mil cavalos que tinham entrado em Portugal.
Soult entrega a dianteira do exército ao espanhol Loison e ele seguia na rectaguarda para enfrentar eventual ataque de Wellesley, entre Lanhoso e Salamonde. É que no dia 15 de Maio, todo o exército anglo-português estava em Braga mas apenas um pequeno destacamento foi no encalço de Soult.
Os franceses não esperavam o que lhes ia acontecer nesta passagem entre a Póvoa de Lanhoso e Ruivães (Vieira do Minho), como descreveremos na próxima crónica.
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