Palavras sobre bracarenses que fazem, porque há gente fantástica, não há? Há, a começar por ti.
Saturday, April 18, 2009
Cónego Eduardo Melo: eram tantos e são tão poucos!
Estou plenamente à vontade porque nunca lhe pedi nenhum favor, não lhe meti nenhuma cunha para familiares ou amigos meus se desenvencilharem deste problema ou daquela dificuldade e, no entanto, ele fez o favor de ser um dos meus amigos.
Está feita a minha declaração de interesses. Conhecia-o de perto, no seu dia-a-dia. nas suas actividades, nas suas lutas e nas suas causas.
Quem não tiver nenhum defeito ou não tiver errado, está desde já — face ao que vou escrever — desafiado a atirar a primeira pedra contra ele ou a apedrejar-me.
Faz amanhã um ano que deixou a cidade de Braga que amou em igual intensidade ao enlevo que dedicou à Igreja que serviu ao longo de mais de cinco décadas, desde a sua ordenação em 1951.
Fizeram-lhe homenagens em vivo mas, face ao silêncio eloquente que alimentam ao longo deste ano, sou levado a crer que, exceptuando os seus verdadeiros amigos (aqueles que não precisaram dele), a imensa maioria participou nessas homenagens porque precisava dele, estava lá por interesse financeiro, económico, social, cultural ou político.
Exceptuando esse punhado de pessoas que apenas precisava da sua amizade e agradável conversa, a imensa maioria dos bracarenses parece envergonhar-se de um dos seus mais ilustres conterrâneos que deu tudo à Igreja, promoveu tudo em prol do progresso da sua terra, apoiou na medida das suas forças e saber as associações, as escolas, os clubes, os movimentos e as forças vivas representativas da velha Bracara Augusta.
É uma atitude estranha de uma terra que — por força da sua hospitalidade e capacidade de bem receber — elege os que vêm de fora, reverencia os forasteiros, curva-se diante dos que aqui alcançam prestígio pela sua capacidade de trabalho e sabedoria, mas parece esquecer os que nasceram dentro dos seus muros, os que cresceram nas suas escolas, fortaleceram as suas agremiações culturais, desportivas, económicas, sociais e religiosas.
Exceptuando um ou outro governador civil, os bracarenses não têm conseguido ocupar os lugares de decisão política, religiosa, académica e cultural em Braga, mas isso não tolera que os seus 'ocupantes' se esqueçam dos enormes bracarenses de gema.
Apetece perguntar se andam tão distraídos os seus alunos da antiga Escola Comercial e Industrial de Braga, onde fundou várias obras de apoio dos estudantes: lares, conferências Vicentinas, salas de jogos e leitura para os tempos livres, jornal, etc.
Por onde andarão também os militantes da Acção Católica e da JOC-JOCF, Assistente da Obra do Soldado, dou os soldados que ele serviu como Capelão Militar em Braga e na Índia e que é feito da capacidade mobilizadora de tantas centenas que frequentaram os Cursos de Cristandade?
Que silêncio se explica de tantos párocos que, através do Centro Social João Paulo II, na Apúlia, puderam realizar serviços sociais e pastorais e actividades de lazer, para os jovens, crianças e adultos ou de tantos irmãos de Confrarias (Sameiro e S. Bento da Porta Aberta) que ele serviu durante tantos anos?
As Solenidades da Semana Santa, os Congresso Nacional Mariano, Eucarístico Nacional, dos 900 anos da Sé, as Semanas Pastorais e de Direito Canónico, que elevaram o nome de Braga enriquecida com as obras de restauro da Sé Catedral e a sua afectuosa ligação ao Sporting de Braga não são argumentos de sobra que justificassem que o seu nome fosse dado a uma rua de Braga?
Sabem de quem estou a falar? É de Monsenhor Eduardo Melo Peixoto, falecido em 19 de Abril do ano passado. Há um ano. Faz hoje e vai haver uma homenagem — com um busto — na... Póvoa de Lanhoso!
Se ninguém anda distraído — muito menos esquecido do que ele fez por muitos e por Braga — será que falta coragem para o fazer? Que estranho pudor é este de quem manda em Braga quando não teve vergonha de receber (ou pedir e ele soube dar) o seu apoio em momentos apertados?
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