Já lembramos alguns dos passos históricos que estiveram na origem da segunda invasão francesa há 200 anos e constitui — após a entrada de leão por terras de Vieira e da Póvoa de Lanhoso em direcção ao Porto, em Março de 1809 — uma das maiores derrotas militares do Marechal Soult.
Na crónica passada lembramos que o levantamento do povo português estava em marcha e o desembarque inglês tornava-se uma realidade a prazo. Em Espanha surgiam os primeiros sinais de levantamento castelhano contra a ocupação pelos exércitos de Napoleão cuja presença era, falsamente, justificada com a necessidade de apoiar Junot em Lisboa.
O massacre de milhares de madrilenos no dia 2 de Maio de 1808 propaga-se a toda a Espanha e a nação castelhana levanta-se em armas, criando juntas secretas de resistência em todas as cidades, desde a Galiza até Sevilha e Andaluzia.
A humilhação do general Dupon pelo oficial espanhol Castaños, na Andaluzia, impertigou os portugueses e Junot começava a ficar isolado, em Lisboa. A revolta portuguesa começa no Porto, no dia 6 de Junho, alastrando depressa a Trás-os-Montes, Beiras, todo o Minho, colocando todo o Norte de Portugal em estado de insurreição e contamina o Algarve. Mais tarde chega ao Alentejo e a repressão francesa foi violenta, especialmente em Beja onde foram massacradas 1200 pessoas, além de toda a espécie de pilhagens e profanações, um pouco por todas as cidades.
Junot, acossado, concentra todas as forças em Lisboa e facilita o alastramento da revolta patriótica em todo o país e e a perda da comunicação com Espanha. A invasão francesa — a primeira — começa a fraquejar a com a entrada das tropas inglesas que desembarcam a 1 de Agosto, na praia de Lavos, próximo de Buarcos, na Figueira da Foz.
A batalha da Roliça é o primeiro passo da derrota e fuga dos franceses, no dia 17 de Agosto de 1808, entre Óbidos e Bombarral.
Na Roliça, a 17 de Agosto de 1808, perto de Óbidos, onde o general Laborde foi ferido, deu-se o primeiro teste contra os franceses que são derrotados em Vimieiro, quatro dias depois, sendo repelidos com perdas consideráveis: um general, muitos oficiais, cerca de 1800 homens, contra 153 mortos ingleses aliados. Com estas duas derrotas, a presença das tropas francesas torna-se insustentável e a Convenção de Sintra, a 30 de Agosto, marca o início da retirada do exército francês de Portugal carregado de objectos roubados.
Foi um acordo que salvou o exército gaulês e não foi bem entendido pelos portugueses. A Legião Lusitana enviada para França não foi contemplada no acordo para regressar a Portugal, deixando o exército português sem cabeça. Napoleão quis condenar Junot pelo fracasso mas desistiu de castigar um velho amigo.
A defesa de Portugal estava entregue aos ingleses enquanto os franceses não desistiam dos seus intentos de invadir Portugal, permitindo que, há duzentos anos, as gentes de Caminha vivessem um dia histórico na defesa das fronteiras de Portugal contra a invasão das tropas francesas comandadas por Soult. Os gauleses preparavam-se para entrar em Portugal, depois da heróica e encarmiçada resistência dos galegos.
Os franceses foram surpreendidos pelas condições climatéricas e pelo patriotismo dos portugueses de Caminha que os impediram de atravessar o rio Minho.
Todos os barcos do rio foram guardados pelos portugueses bem longe das margens do rio e os pequenos barcos confiscados pelos franceses em La Guardia foram insuficientes para atravessar o Minho que, nesse ano, devido a duas semanas de intensa chuva estava muito mais largo na barra que era varrida pela artilharia instalada o Forte da Ínsua.
Foi assim que o general Soult desistiu de invadir Portugal pelo norte, direccionando as suas tropas para Chaves, para encontrar aí nova entrada em Portugal. Os franceses deixavam para trás a forte resistência galega que se fazia sentir em Tui e se alastra depois a Vigo contra a presença dos inimigos da pátria.
Para se ter uma ideia da grandeza da invasão, as tropas de Soult reuniam 24 mil homens. Os franceses apenas conseguiram desembarcar algumas tropas no Camarido que foram rapidamente aprisionadas pelos portugueses. Por volta das 12 horas do dia 16 de Fevereiro, os franceses tentam nova incursão em Cerveira mas as tropas protuguesas resistiram com grande eficácia. Era assim adiada por mais alguns dias a segunda invasão francesa que pretendia passar por Braga e Porto na caminhada em direcção a Lisboa.
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